A moça das dunas
A moça das dunas
Nas noites de vendaval a praia de Imbé fica totalmente deserta; ninguém anda à beira mar, os pescadores não lançam suas tarrafas, as famílias não se aproximam do oceano, apenas o soprar constante do vento se faz presente.
Nem sempre foi assim... Há muito tempo algo estranho aconteceu; uma jovem de nome Irene caiu de um barco de pesca durante um vendaval, e perdeu a vida. Seu noivo Joel conseguiu escapar incólume do naufrágio, mas o corpo de Irene jamais foi encontrado.
Logo após a tragédia os frequentadores das dunas da praia de Imbé notaram que sempre que ocorria uma forte ventania, na orla da praia surgia assim do nada a figura de uma moça que aos prantos adentrava as ondas e desaparecia no mar.
Várias pessoas tentaram um contato com a jovem, e todas se arrependeram amargamente; quem chegou mais próximo sentiu o cheiro de carne em decomposição, viu as órbitas vazias num rosto carcomido por siris... A moça era uma visagem, uma morta-viva a procura do noivo Joel, ela não sabia que perecera no fatídico naufrágio há muitos e muitos anos.
Quem conseguiu conversar com a garota, e saber o seu nome foi a famosa alcoólatra Dona Cotinha; a guria lhe contou o seu drama, a sua inútil procura pelo noivo, disse-lhe que durante as tormentas consegue divisar o barco de pesca do noivo, e a luta titânica do rapaz contra a tempestade.
Depois deste encontro com a moça das dunas, Dona Cotinha abandonou a malvada pinga, aceitou Jesus como salvador, e se tornou uma serva exemplar do Senhor.
O fantasma de Irene é inofensivo, um dia talvez encontre o noivo que tanto procura; dizem que Joel após o ocorrido se mudou para o interior do Estado, mas a moça das dunas não sabe.
Gastão Ferreira- Imbé: 2022
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