palavras que não foram ditas

o seu sorriso
soa sempre.
minha casa caindo combina com a sua neste morro.
como é bom sentir o seu corpo
sob este vestido azul,
com pingos,
não de chuva,
com pequenas bolinhas brancas.

deco
sete barras
30/03/2010

Ancestralidade

Meu ancestral
Sofreu nos porões
Tremeu nas senzalas
Chorou de banzo
Morreu lutando!

Meu ancestral
Não se acomodou
Não se intimidou
Se organizou!

Meu ancestral
Fugiu pro mato
Formou quilombos
Resistiu!

Meu ancestral
Não esqueceu suas raízes
Não abandonou suas origens
Candomblezou, capoeirou, batucou...!

Continuamos...!
Sem se acomodar
Sem se intimidar
Nos organizando
Fugindo, resisteindo
Lembrando de nossas raízes e origens
No Candomblé, na Capoeira, no Batuque
Sofremos nas cadeias
Trememos nas favelas
Choramos de banzo
Morreremos lutando!

Memória Ancestral

Violência, separação, distancia
Carregamos em nós
Lembrança, esperança
Dor, banzo

Navios, mares, morte
Carregamos em nós
Dúvida, medo
Escuridão, sofrimento

Correntes, chicotes, pelourinho
Carregamos em nós
Lágrimas, mágoas
Humilhação, cicatrizes

Tambores, berimbau, agogôs
Carregamos em nós
O som, o dom
A dança, a crença

Zumbi, Dandara, Zacimba Gaba
Carregamos em nós
Orgulho, força
Determinação, luta

Quilombos, favelas, periferias
Carregamos em nós
Injustiças, indiferença
Opressão, margem

Capoeira, Samba, Axé
Carregamos em nós
Ginga, magia
Identidade, resistência

O que somos hoje
É também o reflexo
Dos que foram ontemQue refletirá

Beira-Mar

Chegando a galope pra dentro da rima
Pra quem não conhece meu nome é PQNO
Cantando repente ao som do pandeiro
Comecei esses versos na Ilha Comprida
Na beirada praia curtindo a brisa
Colhendo os versos soprados no ar
Sentado na areia com as ondas no ar
Curtindo a paisagem da Mãe Natureza
Abrindo um sorriso quebrando a tristeza
Com tanta beleza da beira do mar.

O que buscas?

Maria Joana desde que era pequena era muito criativa (apesar de ser um pouco esquecida). Mesmo sem saber ler, vivia folhando livros, e tinha um grande sonho: ser escritora. Mas para Maria, esse sonho era quase impossível de ser realizado, visto que não era incentivada nem a permitiam estudar. Sua família se preocupava mais com seu irmão mais novo, João, que freqüentava regularmente a Escola de Pedro Argila, sabia ler e escrever, era o orgulho da escola, por outro lado, Maria por ter nascido mulher, não tinha a oportunidade de ter conhecimentos a mais do que lavar louças, roupas, cozinhar, cuidar da casa e de seu irmão. Mas mesmo assim não lhe fugia sua criatividade nem seu sonho.
Aos dezessete anos, Maria Joana conheceu Pedro (que ficou “viciado” nela), um grande amigo de seu irmão, que ao conhecer sua criatividade passou a incentivá-la à arte do desenho. Ao notar sua paixão pela arte e sabendo de seu sonho, Pedro incentivava Maria a estudar e correr atrás de sua realização.
Ao completar seus estudos no Colégio Barão de Tonhonhóin, sabendo ler e escrever, pensa em realizar seu sonho, porém, percebe que desde criança, o que realmente gosta é de desenhar.
Maria, aos trinta anos, já é uma desenhista profissional, fazendo ilustrações para livros de vários escritores, inclusive, os livros de seu companheiro, o famoso Pedro Bó. Com trinta e cinco anos, Maria Joana é homenageada em Quebec, no lançamento de um livro que reúne alguns de seus desenhos, e ao observá-los, lembra de seu irmão, que passou anos de sua vida estudando e se tornou um feliz caminhoneiro. Percebe assim, que a verdadeira e mais importante busca na vida deve ser a felicidade, independente da forma que usará para encontrá-la.

Lavrador de tempos

Suas mãos eram asperas como lichas
sua face mastigada de rugas
seu passado um eicho entorno de si
esta parte deicho aparte
Lavrador, lavrador de um tempo
antes ----e diante do tempo
Arou nos solos áridos de Marte
Diga-me alma reincarnante
só um tralma nesse instante
semeou com tentaculos ou dedos
cementes em buracos negros
E para quem viu, sentiu
surgiu e sumiu
si também já foi planta
isso já não--mespanta-
chóre a alegria desse corpo
pois, mais uma vez sera morto
em outra matéria talvez gruniste!
Lembra-ti se era triste
Lavrador foste um assor?
ou apenas sua cor!
vagou pelo cosmo latente
viu plantas plantando gente
esmiussa agóra a sua existencia

conte-nos a história das histórias
de todas lavrador

Renato Cavalheiro
1992

CAPOEIRA É DESTAQUE NO PONTO DE CULTURA BATUCAJÉ





HOJE DIA 19 DE MARÇO, NO PONTO DE CULTURA BATUCAJÉ
UM POUCO DA HISTÓRIA DA CAPOEIRA COM APRESENTAÇÃO
DE VÍDEOS E FOTOS. APÓS HAVERÁ UMA CONVERSA ENTRE
CAPOEIRISTAS ATUAIS E MESTRES QUE INTRODUZIRAM A CAPOEIRA
EM MIRACATU.
O PONTO DE CULTURA BATUCAJÉ FICA NA RUA PUBLIO RIBEIRO Nº 234
PARTE DE BAIXO, CENTRO DE MIRACATU.
PONTO DE CULTURA BATUCAJÉ SEU ESPAÇO PARA EXPRESSÃO...

BALADA DAS MENINAS DA ESTAÇÃO!

GRAÇAS MIL, DOU GRAÇAS
GRAÇA ERA O ESPLENDOR!
MÃOS QUE TECIAM SEDAS
TRAMAS DAS ARANHAS
E NOS LÁBIOS FORÇAS ESTRANHAS
INDUZINDO O SEU BEIJAR!

LING LING ERA GUEIXA
BONEQUINHA COR DE AMEIXA
APRISIONADA NA REDOMA
MAS SEM CULPA,
SÓ COM QUEIXA
QUASE SEMPRE INJURIADA
UMA GUEIXA TÃO PRECOCE
SÓ SORRIA COM JIM MORRISON
OU QUANDO VIA SEU NIRVANA
SUPERANDO SEU APEGO
SUPLANTANDO SEUS SENTIDOS
E FUMAVA DISPLICENTE
SEU CIGARRO PODEROSO
SONHAVA COM UMA CABANA
LÁ NA ILHA DO CARDOSO.

IVANA, ERA DE TUDO ELEGANTE
COMO ERA DOCE ESSA IVANA
DESFILAVA COMO UMA FERA
DESLUMBRANTE NA SAVANA
TINHA UM VENTRE DE MÃE
E UM COLO DE NINFA
SONHAVA SER QUAL FIGUEIRAS
DISSE-ME QUE VINHA DE ANTARES
GENTE DICOTILEDÔNEA
COM RAÍZES TABULARES.

LIS ERA UM CONJUNTO DE PÉTALAS
SUA PELE AVELUDADA
SEU SORRISO DE ARCO-ÍRIS
BRAÇOS DE OXUMARÉ
A TEXTURA DE SEU VENTRE
O EMBALO DE SUA DANÇA
ERA O ESPANTO DA SERPENTE
ABRAÇANDO-ME COM FÚRIA
SÓ LIVRAVA-ME DA LOUCURA
AO OUVIR-ME DECLAMAR
ASSENTAVA SUA FACE
QUASE JUNTO AO MEUS PÉS
EMARANHAVA SEUS CABELOS
JUNTO AO MEU CALCANHAR
E SORRIA OU CHORAVA
COMO UM VENTO AMA AO MAR!



JÚLIO COSTA 2010-(POEMA DA FUTURA PUBLICAÇÃO "POÉTICA DA PREDILECÇÃO")