Telha

seria um pedaço de um instante
um barracão que guardava nas suas grades de telhas
alguns mistérios: assombração em meio ao cheiro seco
de terra enquanto lá fora chove.
O trólinho, trenzinho de puxar telhas,
era nosso carro
carro de criança.
A telha era onde se faziam telhas
Ê telha boa que já tinha sido. História.
Jaraçatiá véio. Guardou a gente que veio com a pista.
Lugares melhores à procura. O coração manda.
Nosso ancestral índio morava em todos estes lugares
e me olha com seus olhos de respostas.
A telha também foi com o tempo.
A lembrança não.
Fazer pelote prá caçá passarinho no que sobrou do forno.
Agora fogueirinha.
Lembrança é o que mais faz a gente ser a gente.

déco
Araraquara 12-05-99
do livro “Vento Caminhador”

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