DIVINA VINGANÇA
(Aos redactores d' "O IGUAPE")
Oh! vós que commungaes, em divina harmonia,
Na sacro-santa meza da brazilea imprensa,
Recebi, com amor, o pão de cada dia
e abraçae, sem temor, os martyrios da crença!...
E, vendo despertar Caim, que antes dormia,
deixae cahir sobre elle a vossa indifferença:
Porem que lhe não falte vossa cortezia
demonstrando-lhe, assim, vossa bondade immensa...
Almas cheias de fé, cheias de luz sublime,
que, incessantes, pregas o bem à sociedade:
encorajae, na vida, o humano coração,
Repleto de fraquezas, - desviando-o do crime...
e apanhae, no jardim da vossa caridade,
para o vosso inimigo - as flores do perdão.
Xiririca, 1925 - DOMINGOS BAUER
Jornal "O Iguape". 16 de abril de 1925 - Anno I - Num. 32
A LOCOMOTIVA
(Ao Dr. Nuno C. da Silva)
Corre furiosamente, vôa, passa,
perfura matas, montes, serranias;
Colando vai por entre penedias,
Parece até que tudo despedaça.
Corre esse monstro de férrea couraça,
corre, corre por essas longas vias,
marchando vai assim, dias e dias,
golfando sempre nuvens de fumaça.
Veloz, corre levando sempre impresso,
na larga fronte, o rápido progresso,
enchendo de luz, de prosperidade...
Espalha-se em auréola sorridente,
dando conforto a tudo, e a toda gente,
riqueza, paz, amor, felicidade.
ANTONIO MATHEY
Jornal " O Iguape, 07 de dezembro de 1924 - Anno I - Num. 15
Casinha Branca
As verdades de hoje
serão os contos inventados de amanhã.
Pode ser a voz que alguém murmurou em um ouvido apaixonado,
palavras de amor,
tentando encantar
e mostrar o mundo que era.
Na caminhada
apeguei-me no que via.
Segurei por entre as mãos
com tanta força que se juntaram a mim.
Carreguei comigo.
Na volta, as coisas não estavam mais lá
ou estavam tão modificadas
que somente quem as viu com tanta força,
as reconhecia.
Olhei por entre plantas,
por entre palavras
que gritavam no silêncio das árvores e no rumor do bambuzal
e lá estava o poço por onde ela,
de laços cor de rosa, escorregou.
Se contar ninguém acredita
Olhar triste que ia...ia...ia
a afogar-se na lembrança do que foi dito
Gotas de orvalho da madrugada tecem fios de teias de aranha
para capturar os frágeis raios de sol da manhãzinha
Bebi com uma grande golada.
Ainda os revi sentados no degrau da porta
trocando olhares de amor.
E na estrada, passavam, de tempos em tempos...
passos,
como fantasmas que não sabiam que seu tempo já havia ido pelo caminho,
e o medo do padre que havia sido enforcado nos eucaliptos da Fazenda Rosária
e aquelas palavras que eram ditas por todos e em todos os cantos.
Déco
São Paulo
26-04-2008
serão os contos inventados de amanhã.
Pode ser a voz que alguém murmurou em um ouvido apaixonado,
palavras de amor,
tentando encantar
e mostrar o mundo que era.
Na caminhada
apeguei-me no que via.
Segurei por entre as mãos
com tanta força que se juntaram a mim.
Carreguei comigo.
Na volta, as coisas não estavam mais lá
ou estavam tão modificadas
que somente quem as viu com tanta força,
as reconhecia.
Olhei por entre plantas,
por entre palavras
que gritavam no silêncio das árvores e no rumor do bambuzal
e lá estava o poço por onde ela,
de laços cor de rosa, escorregou.
Se contar ninguém acredita
Olhar triste que ia...ia...ia
a afogar-se na lembrança do que foi dito
Gotas de orvalho da madrugada tecem fios de teias de aranha
para capturar os frágeis raios de sol da manhãzinha
Bebi com uma grande golada.
Ainda os revi sentados no degrau da porta
trocando olhares de amor.
E na estrada, passavam, de tempos em tempos...
passos,
como fantasmas que não sabiam que seu tempo já havia ido pelo caminho,
e o medo do padre que havia sido enforcado nos eucaliptos da Fazenda Rosária
e aquelas palavras que eram ditas por todos e em todos os cantos.
Déco
São Paulo
26-04-2008
Pra onde vai o saguarú quando acaba a enchente?
Já viu saguarú em dia de enchente?
Tem tanto que a rede em prata...céga
e o engraçado é que em vara não se pega.
Parece que as águas do rio Grande de Jaraçatiá,
Amarelas daquela cor...
Amarelo-barro...
Amarelo-chuva...
são tudo de prata por dentro,
da cor do saguarú.
Pai...Nén...Tim...Saboró...Ditão...
o povo todo,
todo ano era a mesma coisa,
era só colocar a rede no brejo cheio,
na boca de um riozinho esvaziando
e a mistura em casa era das boa.
M-a-i-s o p-ê-x-e t-e-m espiiim...
Do tamanho de uma picopéva...
...o peixe-cachorro,
só que mais cheinho,
quase igual uma sardinha.
Mas o mistério é agora...
da’ondi’é qui’ele vem?
Até hoje não se viu uma só alma
que tivesse visto um só saguarú
fora dessa época no meio das águas do rio,
numa linhada...num cóvo...nu-mi-nha- re-de-se-qué .
se contá tamém num credito
Me diz só, prá’ondi’é qui’ele vai?
Tem uma tóca escondida
no fundo do rio?
Tem uma lagoa encantada
em cima na serra?
Ou ao contrário disso tudo
ele vem mesmo é do mar
com as enchentes de todo ano
prá desovar nesses riozinhos todos...
...nessas lagoas escondidas?
Só sei que o saguarú some!
Se esconde n’algum cantinho
do nosso esquecimento,
e só aparece de novo
quando a enchente traz ele
na época da outra chuvarada.
I-gual-zi-nho...I-gual-zi-nho... todo ano.
É o pai dos pêxe que manda ele
aparecer só nessas águas?
Ou ele cai é da chuva?,
igual como o povo disse
quando se choveu pexe uma vez
por lá mesmo em Jaraçatiá?
O saguarú é alma?
Que some nem mal se pisca o olho?
Pegá tudo as turma num péga
Porque comê tudo num é possível
e judiação num é permitido
nem pr`um simples minino.
E o povo fica com aquilo na cabeça:
Pra onde vai o saguarú
depois da enchente?
Da ondi’é Qui’ele vem?
Pra ondi vai o saguarú
depois da enchente?
Da ondi’é Qui’ele vem?
Déco
São Paulo 08-2000
(do livro Vento Caminhador)
Tem tanto que a rede em prata...céga
e o engraçado é que em vara não se pega.
Parece que as águas do rio Grande de Jaraçatiá,
Amarelas daquela cor...
Amarelo-barro...
Amarelo-chuva...
são tudo de prata por dentro,
da cor do saguarú.
Pai...Nén...Tim...Saboró...Ditão...
o povo todo,
todo ano era a mesma coisa,
era só colocar a rede no brejo cheio,
na boca de um riozinho esvaziando
e a mistura em casa era das boa.
M-a-i-s o p-ê-x-e t-e-m espiiim...
Do tamanho de uma picopéva...
...o peixe-cachorro,
só que mais cheinho,
quase igual uma sardinha.
Mas o mistério é agora...
da’ondi’é qui’ele vem?
Até hoje não se viu uma só alma
que tivesse visto um só saguarú
fora dessa época no meio das águas do rio,
numa linhada...num cóvo...nu-mi-nha- re-de-se-qué .
se contá tamém num credito
Me diz só, prá’ondi’é qui’ele vai?
Tem uma tóca escondida
no fundo do rio?
Tem uma lagoa encantada
em cima na serra?
Ou ao contrário disso tudo
ele vem mesmo é do mar
com as enchentes de todo ano
prá desovar nesses riozinhos todos...
...nessas lagoas escondidas?
Só sei que o saguarú some!
Se esconde n’algum cantinho
do nosso esquecimento,
e só aparece de novo
quando a enchente traz ele
na época da outra chuvarada.
I-gual-zi-nho...I-gual-zi-nho... todo ano.
É o pai dos pêxe que manda ele
aparecer só nessas águas?
Ou ele cai é da chuva?,
igual como o povo disse
quando se choveu pexe uma vez
por lá mesmo em Jaraçatiá?
O saguarú é alma?
Que some nem mal se pisca o olho?
Pegá tudo as turma num péga
Porque comê tudo num é possível
e judiação num é permitido
nem pr`um simples minino.
E o povo fica com aquilo na cabeça:
Pra onde vai o saguarú
depois da enchente?
Da ondi’é Qui’ele vem?
Pra ondi vai o saguarú
depois da enchente?
Da ondi’é Qui’ele vem?
Déco
São Paulo 08-2000
(do livro Vento Caminhador)
o cavalo branco
Isto se deu pouco antes daquele tempo da tromba d’água
do primeiro dia do carnaval de 80,
na enchente do rio Grande, que hoje o povo chama de São Lourenço,
na chuvarada do janeiro a março,
no tempo que o capim-gordura chuviscado tá brilhando
e cortá capim pros coelho era puxar o carrinho de madeira
pela estradinha que passava pelo pasto do cavalo branco louco
e ia pro bananal do Néca.
Lá tinha capim bom.
Capim-gordura que o Misterbasco comia.
Estradinha pequena de trator...enlameada.
Mas e o cavalo branco louco?
Que naquele pasto ficava,
Que ninguém montava,
era saci...abelha...
ou só o tempo que mudava?
Diz que em dia de trovoada
os bichos ficam tudo de cabeça virada.
Só que o cavalo branco era diferente,
parecia que tinha sempre
uma tempestade zunindo na sua mente.
Mas pra molecada,
barulho de rio,
cerca tombada,
tudo vira brincadeira,
até o rastro do Mão-Pelada.
E o cavalo na estrada? Surpresa não esperada
Só foi avistar a gente
que o bicho veio em disparada de repente ...
querendo pegar.
No fundo o Néca gritando
e a gente de virada voltando
querendo escapar
Tim na frente fugindo
eu e o Mangalo seguindo...
tentando voltar.
Tim pra trás olhando,
o mangalo avistando.
Lá no fundo o cavalo a chegar
Em Jaraçatiá nesta época se fazia tijolo...
Seu Didio, Vô de finado Ademir...
Olaria de braço a braço. Artesão.
...e se criava gado pro finado Pettená.
Seu Juvenal...Têco...Zé Leitêro,
seus filhos: os boiadêro.
O cavalo branco não podia ver criança
que corria...corria...
Tim voltando pra puxar o Mangalo
Eu agora na frente disparado.
O carrinho que pai fez à mão
só pra gente cortar capim pros coelho?
Já tinha ficado de lado.
Mangalo e Tim na frente me passando
eu cada vez mais pra trás ficaando
o cavalo branco chegando bufaaando
ele a gente quase pegaaando
Tim, Mangalo soltaaando
pacatác...pacatác...pacatác...pacatác... pacatác...
o cavalo sapateia o som no vento,
traz à mente outro tempo,
como disse Tia Gula: tempo de roça de milho e mandioca
onde o sapateado do gado caçava alimento na terra do povo pobre
deixando rastros de fome na barriga das crianças,
e a família, coitada, tendo que ir embora, migrante,
deixando pra trás, pro fazendeiro, os ossos dos seus enterrados.
Só que o medo é uma coisa que faz a perna correr
corre igual ao pensamento que voa
mas o medo...o medo das coisas
e ele também traz o respeito que dá sabedoria.
É aquela coisa, se não acredita, não acredite, mas não duvide.
...pacatác...pacatác...pacatác...
Tim de novo voltando
prá puxar o Mangalo
e depois o Cavalo.
Tim e Mangalo me passando
...depois Eu e a cerca. A cerca. A cerca!
acercaacercaacercaacercaacercaacerca acerca
pois não sei como ... parece que uma mão abriu
um pedaço da cerca no nosso olho na horinha certa
e puxou a gente pra debaixo dela
ela igual um buraco no nada, uma porta...uma passagem
ela que vinha acompanhando a gente
ali do nosso ladinho o tempo todo
dês de lá de trás
ela que só agora a gente viu.
Porque só agora o nosso olho se abriu pra ela?
Nóis igualzinho galinha correndo na frente de carro
E só foi a gente a cerca passar
e o cavalo branco louco chegá assombrado
Bufando...Bufando...
querendo pegar...querendo pegar...querendo pegar...
bem enciminha da nossa cabeça
por cima da cerca e do mato.
O cavalo branco louco que criança pegava.
Passados tantos anos
Disso tudo fica aquela pergunta com aquela certeza
O cavalo branco e Jaraçatiá se foram com o tempo?
Ou se encantaram naquela casa velha da D. Ogênea,
A Dona dos remédio de finado Leló?
Déco
Araraquara 14-08-2000
(do livro Vento Caminhador)
do primeiro dia do carnaval de 80,
na enchente do rio Grande, que hoje o povo chama de São Lourenço,
na chuvarada do janeiro a março,
no tempo que o capim-gordura chuviscado tá brilhando
e cortá capim pros coelho era puxar o carrinho de madeira
pela estradinha que passava pelo pasto do cavalo branco louco
e ia pro bananal do Néca.
Lá tinha capim bom.
Capim-gordura que o Misterbasco comia.
Estradinha pequena de trator...enlameada.
Mas e o cavalo branco louco?
Que naquele pasto ficava,
Que ninguém montava,
era saci...abelha...
ou só o tempo que mudava?
Diz que em dia de trovoada
os bichos ficam tudo de cabeça virada.
Só que o cavalo branco era diferente,
parecia que tinha sempre
uma tempestade zunindo na sua mente.
Mas pra molecada,
barulho de rio,
cerca tombada,
tudo vira brincadeira,
até o rastro do Mão-Pelada.
E o cavalo na estrada? Surpresa não esperada
Só foi avistar a gente
que o bicho veio em disparada de repente ...
querendo pegar.
No fundo o Néca gritando
e a gente de virada voltando
querendo escapar
Tim na frente fugindo
eu e o Mangalo seguindo...
tentando voltar.
Tim pra trás olhando,
o mangalo avistando.
Lá no fundo o cavalo a chegar
Em Jaraçatiá nesta época se fazia tijolo...
Seu Didio, Vô de finado Ademir...
Olaria de braço a braço. Artesão.
...e se criava gado pro finado Pettená.
Seu Juvenal...Têco...Zé Leitêro,
seus filhos: os boiadêro.
O cavalo branco não podia ver criança
que corria...corria...
Tim voltando pra puxar o Mangalo
Eu agora na frente disparado.
O carrinho que pai fez à mão
só pra gente cortar capim pros coelho?
Já tinha ficado de lado.
Mangalo e Tim na frente me passando
eu cada vez mais pra trás ficaando
o cavalo branco chegando bufaaando
ele a gente quase pegaaando
Tim, Mangalo soltaaando
pacatác...pacatác...pacatác...pacatác... pacatác...
o cavalo sapateia o som no vento,
traz à mente outro tempo,
como disse Tia Gula: tempo de roça de milho e mandioca
onde o sapateado do gado caçava alimento na terra do povo pobre
deixando rastros de fome na barriga das crianças,
e a família, coitada, tendo que ir embora, migrante,
deixando pra trás, pro fazendeiro, os ossos dos seus enterrados.
Só que o medo é uma coisa que faz a perna correr
corre igual ao pensamento que voa
mas o medo...o medo das coisas
e ele também traz o respeito que dá sabedoria.
É aquela coisa, se não acredita, não acredite, mas não duvide.
...pacatác...pacatác...pacatác...
Tim de novo voltando
prá puxar o Mangalo
e depois o Cavalo.
Tim e Mangalo me passando
...depois Eu e a cerca. A cerca. A cerca!
acercaacercaacercaacercaacercaacerca acerca
pois não sei como ... parece que uma mão abriu
um pedaço da cerca no nosso olho na horinha certa
e puxou a gente pra debaixo dela
ela igual um buraco no nada, uma porta...uma passagem
ela que vinha acompanhando a gente
ali do nosso ladinho o tempo todo
dês de lá de trás
ela que só agora a gente viu.
Porque só agora o nosso olho se abriu pra ela?
Nóis igualzinho galinha correndo na frente de carro
E só foi a gente a cerca passar
e o cavalo branco louco chegá assombrado
Bufando...Bufando...
querendo pegar...querendo pegar...querendo pegar...
bem enciminha da nossa cabeça
por cima da cerca e do mato.
O cavalo branco louco que criança pegava.
Passados tantos anos
Disso tudo fica aquela pergunta com aquela certeza
O cavalo branco e Jaraçatiá se foram com o tempo?
Ou se encantaram naquela casa velha da D. Ogênea,
A Dona dos remédio de finado Leló?
Déco
Araraquara 14-08-2000
(do livro Vento Caminhador)
CRÔNICAS DE PINDAÍBA (5)
CRÔNICAS DE PINDAÍBA (5)
A FUGA DOS ESCRAVOS
MUITOS E MUITOS ANOS APÓS A REDESCOBERTA, PINDAÍBA TRANSFORMARA-SE NUMA PRÓSPERA FREGUEZIA. FOI O FAMOSO CICLO DO OURO. AS DONDÓCAS DA ÉPOCA SALPICAVAM OS CABELOS COM O PÓ DO PRECIOSO METAL PARA MOSTRAREM QUE NÃO ERAM APENAS UMAS INÚTEIS, MAS TAMBÉM MUITO RICAS E A FIM DE DAR O GOLPE DO BAÚ EM ALGUM OTÁRIO OU TURISTA ESTRANGEIRO. FOI UM PERÍODO DE FAUSTO, OPULÊNCIA E DE TERRÍVEIS CAÇADORES DE ESCRAVOS FUGITIVOS.
POR ESSE TEMPO EXISTIAM ESCRAVOS PARA TUDO, ERAM CONSIDERADOS ANIMAIS MÁQUINAS, SEM SENTIMENTO, SENSO MORAL OU HONRA. FAZIAM O SERVIÇO BÁSICO; - CARREGAR PENICO, LIMPAR BUNDAS SUJAS, LEVAR RECADOS PARA AMANTES, NAMORADOS E SUSPEITOS. PODIAM SER ESTUPRADOS, AÇOITADOS E ESPANCADOS POR QUALQUER NINHARIA E HAVIA ATÉ LIVROS ENSINANDO COMO MALTRATAR UM ESCRAVO SEM PROVOCAR ÓBITO. AS MAL AMADAS E FEIAS DIVERTIAM-SE TORTURANDO BELAS AFRICANAS. GOSTAVAM DE PRATICAR SUAS ARTES APÓS A MISSA DIÁRIA, POIS COMO ESTAVAM SEM PECADOS E PURAS, NADA COMO UMA MALDADEZINHA COM UM ANIMAL FALANTE PARA COMEÇAR BEM O DIA.
OS CORONÉIS, MAJORES E CAPITÃOS MANDAVAM NA VILA E CONSIDERAVAM OS MORADORES LOCAIS COMO SEUS BICHOS PARTICULARES. ERAM OS DONOS DO PEDAÇO, OS MANDATÁRIOS, OS QUE DETINHAM O PODER DE VIDA E MORTE, E, A FILA PARA O BEIJA-MÃO ERA LONGA. COSTUME ESSE QUE PERDUROU NO TEMPO, BASTA NOTAR COMO A MAIORIA DAS PESSOAS ADORA PUXAR SACO DE QUEM SE JULGA PODEROSA. OS CORONÉIS, QUASE SENHORES FEUDAIS, CASAVAM SEUS REBENTOS ENTRE OS PRÓPRIOS PARENTES PARA NÃO DIVIDIREM A FORTUNA AMEALHADA COM TANTA MARACUTÁIA, O QUE ERA ÓTIMO, POIS EM DUAS OU TRES GERAÇÕES TODOS OS DESCENDENTES APRESENTAVAM PROBLEMAS MENTAIS, DETONAVAM OS BENS HERDADOS E ERAM DEFINITIVAMENTE ESQUECIDOS.
A GENTE MIÚDA, COMO ERA CHAMADA OS SEM TÍTULOS, TRABALHAVAM PRÁ CACETE, ALGUNS PRODUZIAM AGUARDENTE, OUTROS PINGAS E MUITOS OUTROS CACHAÇA. PINDAÍBA PROSPERAVA. UM GÊNIO, DESCENDENTE DE QUARTA GERAÇÃO DE UM PODEROSO CORONÉL DEU A MAGNÍFICA IDÉIA DE UNIREM UM GRANDE E CAUDALOSO RIO, PRÓXIMO A VILA, COM O LAGAMAR. COMO A MÃO DE OBRA ESCRAVA ERA BARATA, OS TRABALHADORES NÃO GANHARIAM NADA, E A COMIDA NA REGIÃO MUITO FARTA, CAJAMANGA, BOLINHO DE RODA, MANJUBA, BAGRES, TATÚ, PORCO DO MATO, AIPIM, FARINHA DE MANDIÓCA, TUDO COMIDA DE POBRE E PARA QUEM RECLAMASSE DA EXCELENTE ALIMENTAÇÃO, CHICOTE NO LOMBO E PELOURINHO PARA APRENDEREM A RESPEITAR QUEM OS TRATAVA COM TANTO AMOR E CONSIDERAÇÃO.
OS ESCRAVOS, COM SUÓR, LÁGRIMAS E ESPANCAMENTOS, ABRIRAM UM INSIGNIFICANTE VALINHO DE DOIS METROS DE LARGURA POR TRES QUILÔMETROS DE COMPRIMENTO AO LARGO DA VILA. NA CONCLUSÃO DA OBRA UMA FESTANÇA COM FOGUETES, TAINHAS ASSADAS NA FOLHA DA BANANEIRA, CASADINHO DE MANJUBA, CAMARÕES, MUITOS DISCURSOS E CACHAÇADA. OS ESCRAVOS FICARAM NUM LOCAL MAIS AFASTADO PARA NÃO PERTURBAREM SEUS SENHORES COM PEDIDOS DE RESTOS DA FARTA COMILANÇA.
ESTAVAM TODOS DANÇANDO E CANTANDO AO SOM DE RABÉCAS QUANDO O TEMPORAL COMEÇOU. OS ESCRAVOS, PREOCUPADOS COM A SAÚDE DE SEUS AMOS TORRADOS, OS CARREGARAM PARA SUAS BELAS CHÁCARAS. CHOVEU PRÁ DEDÉU E O VALINHO DE DOIS METROS PASSOU A TER TREZENTOS METROS. MUITAS CASAS, BOIS, CACHORROS, PORCOS, GALINHAS, MACACOS, TAMADUÁS E FORMIGAS, ASSIM COMO CATIVOS GENTILMENTE ACORRENTADOS EM SENZALAS FORAM PARA O BELELÉU. TODOS OS ESCRAVOS FORAM ESPANCADOS POR NÃO ENTENDEREM DE ENGENHARIA E DAÍ PARA FRENTE PROIBIDO POR LEI DE ABRIREM ATÉ MESMO UM INSIGNIFICANTE POÇO CASEIRO.
COM O ALARGAMENTO DO VALINHO MUITOS POBRES MORRERAM OU PERDERAM SUAS RÚSTICAS MORADIAS, MAS COMO POBRE NÃO FAZ FALTA, NINGUÉM LIGOU, E, EM CASO DE RECLAMAÇÃO MANDAVAM SE QUEIXAR AO BISPO. COMO O BISPO MORAVA LONGE E TAMBÉM NÃO DAVA A MÍNIMA PARA POBRE, A VIDA CONTINUOU A MESMA PORCARIA DE SEMPRE.
DE UM DIA PARA O OUTRO PINDAÍBA AMANHECEU SEM ESCRAVOS. TODOS OS CATIVOS DESAPARECERAM. AS MADAMES NÃO SABIAM COMO ARRUMAR UMA CAMA, TOMAR BANHO, COZINHAR, LIMPAR A CASA OU FAZER TODAS ESTAS COIZINHA QUE QUALQUER RAINHA DO LAR, POR MAIS MEDÍCRE QUE SEJA, FAZ DANDO RISADINHAS DE ALEGRIA. AS SENHORAS RESOLVERAM FICAR NA JANELA AGUARDANDO O RETORNO DOS FUGITIVOS, E É POR ISSO QUE ATÉ HOJE VEMOS TANTAS MULHERES ESPIANDO POR JANELAS E PORTAS, COMO NÃO SABEM FAZER NADA NA VIDA, ESTÃO ESPERANDO A VOLTA DAS ESCRAVAS, TAMBÉM CONHECIDAS COMO DIARÍSTAS OU EMPREGADAS DOMÉSTICAS.
(NO PRÓXIMO EPISÓDIO FICAREMOS SABENDO COMO PINDAÍBA SAIU DO SUFOCO)
GASTÃO FERREIRA/2009/IGUAPE
TEMPO
O TEMPO
O TEMPO PERGUNTA AO TEMPO
SE O TEMPO ESTÁ A PASSAR...
O TEMPO RESPONDE AO TEMPO
COM O TEMPO VIVO A CISMAR...
O TEMPO DENTRO DO TEMPO
PASSA O TEMPO A SONHAR...
SENDO ELE O PROPRIO TEMPO
NÃO PODE O TEMPO CONTAR.
MEU CORPO FILHO DA TERRA
ALMA DE OUTRO LUGAR...
CONTIDOS NA MESMA ESFERA
SENTINDO O TEMPO CANTAR.
A VIDA OCORRE NO TEMPO
E O TEMPO TUDO CONTÉM
A VIDA NÃO É O TEMPO...
TEM O SEU TEMPO TAMBÉM
ASSIM AO PASSAR DO TEMPO
TUDO PODE ACONTECER...
VIVO PERDIDO NO TEMPO
TENTANDO O TEMPO ESQUECER!
GASTÃO FERREIRA/2009/IGUAPE
Resgate de poesias (3) cont.
ENQUANTO TEMOS MÃE
(dos "Annaes Franciscanos" - 1924)
Tombar na lucta, pouco importa ao homem;
Soffrer na vida, ao homem pouco importa;
Paixões e dores nunca nos consomem;
Não há desdita que nos bata a porta;
Olhamos tudo, rindo para tudo;
No prórpio pranto nós achamos goso;
A terra traja um verde, qual veludo,
(aos nosso olhos) d'um macio sedôso;
As raras magoas passam como os sonhos:
D'aquelles sonhos, de manhã, esquecidos;
E tantas vezes temos dias risonhos!
Oh! quantos dias felizes são vividos!
Não há, no lar, momentos de fadiga;
Cantamos, rimos, n'um gosar eterno
-Enquanto ouvimos uma voz amiga
Que diz: - Meu filho, com amor materno;
Enquanto temos mãe e seus carinhos;
Enquanto ao nosso lado ainda ella está
Gosando o riso ingenuo dos netinhos
Que, quasi sempre, chamam-lhe "Nhanhá";
Ou dando em vão, conselho ao filho e à nora
Que quer por um delles de castigo...
Ladino, já, o pequeno, vendo-a, chora
e corre para a avó - seu doce abrigo!...
Mas, quando um dia, Oh! céus, a morte a leva
p'ara nunca mais a vermos - nunca mais! -
Nos deixa dôr! soluço! magoa! treva!
Saudade infinda! pranto! tristes ais!
Magoa e soluço - tristes como a dôr!
Soluço e dôr - mas triste do que a magoa!
E' lucto e treva, onde era luz do amor
-Do amor de mãe...Ai! me enche os olhos d'água...
No céu se apaga a estrella d'antes bella
e nunca mais clareia a luz de outr'ora.
A briza passa...Que saudade d'ella!
Quanta tristeza tem a tarde agora!...
Chóra o bom filho o fim d'uma existencia
tão util, tão amada e tão querida;
Mas reflectindo, acceita com paciencia:
-Pois d'esta morte nasce a eterna vida.
Xiririca, 1924 - DOMINGOS BAUER
Fonte: "O IGUAPE", 15 de março de 1925 - ANNO I - Num. 28
Miracatu, 21 de maio de 2009.
(dos "Annaes Franciscanos" - 1924)
Tombar na lucta, pouco importa ao homem;
Soffrer na vida, ao homem pouco importa;
Paixões e dores nunca nos consomem;
Não há desdita que nos bata a porta;
Olhamos tudo, rindo para tudo;
No prórpio pranto nós achamos goso;
A terra traja um verde, qual veludo,
(aos nosso olhos) d'um macio sedôso;
As raras magoas passam como os sonhos:
D'aquelles sonhos, de manhã, esquecidos;
E tantas vezes temos dias risonhos!
Oh! quantos dias felizes são vividos!
Não há, no lar, momentos de fadiga;
Cantamos, rimos, n'um gosar eterno
-Enquanto ouvimos uma voz amiga
Que diz: - Meu filho, com amor materno;
Enquanto temos mãe e seus carinhos;
Enquanto ao nosso lado ainda ella está
Gosando o riso ingenuo dos netinhos
Que, quasi sempre, chamam-lhe "Nhanhá";
Ou dando em vão, conselho ao filho e à nora
Que quer por um delles de castigo...
Ladino, já, o pequeno, vendo-a, chora
e corre para a avó - seu doce abrigo!...
Mas, quando um dia, Oh! céus, a morte a leva
p'ara nunca mais a vermos - nunca mais! -
Nos deixa dôr! soluço! magoa! treva!
Saudade infinda! pranto! tristes ais!
Magoa e soluço - tristes como a dôr!
Soluço e dôr - mas triste do que a magoa!
E' lucto e treva, onde era luz do amor
-Do amor de mãe...Ai! me enche os olhos d'água...
No céu se apaga a estrella d'antes bella
e nunca mais clareia a luz de outr'ora.
A briza passa...Que saudade d'ella!
Quanta tristeza tem a tarde agora!...
Chóra o bom filho o fim d'uma existencia
tão util, tão amada e tão querida;
Mas reflectindo, acceita com paciencia:
-Pois d'esta morte nasce a eterna vida.
Xiririca, 1924 - DOMINGOS BAUER
Fonte: "O IGUAPE", 15 de março de 1925 - ANNO I - Num. 28
Miracatu, 21 de maio de 2009.
IGREJA DE PRAINHA
Lá no cimo da verde collina
Saturada em balsâmicas flores
com um ninho de santos amores
como estrelas fulgentes divinas.
A bondade de mãe carinhosa
Sobre as gentes que acodem sinceras
uma igreja na paz silenciosa
qual rainha das almas impera.
Lá no vale se escutam canções
como escravos de amor prisioneiro
e na sombra do verde outeiro
flutuando se vão orações
É Maria! - a mãe dolorosa.
Nossa Senhora das Dores
Mãe imaculada rainha
livrai de todos rancores
meu povo e toda a Prainha.
Observação- Este poema foi escrito por um anônimo,
sua referência foi a visita de D´Lúcio Antunes
de Souza (Bispo de Botucatu) à paróquia de Prainha,
naquele tempo nem Santos era Bispado.
O poema foi escrito em homenagem a ocasião,
A 3ª estrofe teve minha interferência pois o original
estava rasgado e faltava parte final do poema.
O documento me foi entregue pelo sr. Laerte de Camargo
Araújo, que recebeu do Sr Paulo Laragnoit.
O compositor Antonio Lara Mendes, meu companheiro no Grupo
Batucajé, musicou e seu filho o flautista Andre dos Santos
Mendes fez um belíssimo arranjo de flautas, imortalizando
o texto "Igreja de Prainha", numa bela composição musical.
Julio Cesar da Costa
SÃO LOURENÇO
UMA SUITE NO INFERNO
UMA SUÍTE NO INFERNO
O DIABO CHEFE REUNIU SEUS SÚDITOS E COMUNICOU EUFÓRICO:- PREPAREM OS TRIDENTES, MAIS LENHAS NA FOGUEIRA AQUEÇAM AO MÁXIMO O CALDEIRÃO, UM GRANDE AMIGO CHEGARÁ HOJE A NOITE E VAMOS RECEPCIONÁ-LO COM MUITO ENXOFRE E FESTANÇA.
OS DIABINHOS, DIABETES, SIMPATIZANTES E SUSPEITOS DERAM URROS DE ALEGRIA E FORAM AVIVAR AS CHAMAS ETERNAS PARA RECEBER O NOVO HOSPEDE. ENTRE A AZÁFAMA DE AFIAR TRIDENTES, COMENTAVAM ENTRE SI:
- QUEM SERÁ QUE VAI CHEGAR?
- DIZEM QUE É DE UMA PEQUENA CIDADE DO LITORAL PAULISTA!
- QUAL CIDADE?
- NÃO SEI AO CERTO! PARECE QUE POR LA VIVEM DE TURISMO E PESCA.
- SERÁ CANANÉIA?
- TALVEZ! NO LOCAL DE ONDE VEM ESSE GRANDE AMIGO DO CHEFE, OS PODEROSOS LUTAM ENTRE SI PARA CARREGAREM O ANDOR DE NOSSO CONCORRENTE...
- AH! ENTÃO NÃO É CANANÉIA.
- OUTRA COISA! PARECE QUE POR AQUI JÁ TEMOS MUITOS DE TAL LUGAREJO, PRINCIPALMENTE POLÍTICOS, ÊLES ATÉ FORMARAM UM BLOCO CARNAVALESCO PROPRIO.
- UM BLOCO CARNAVALESCO? SABE O NOME?
- OS BEZERROS!
- BEZERROS? SÃO FILHOS DE UM BOI! NÃO SÃO?
- SIM!
- TEMOS UMA BOA PISTA! ALGUÉM AÍ TEM MAIS ALGUMA INFORMAÇÃO?
- NA LOCALIDADE TEM MUITA MARACUTAIA, TROCA DE FAVOR, FIRMAS DE FACHADAS, BURACOS NAS RUAS...
-COMPLICADO! NAQUELE PAÍS QUASE TODOS OS MUNICÍPIOS TEM ESSAS COISAS BOAS...
- SAUDE PÚBLICA DEFICITÁRIA, GENTE FICANDO RICA NA MOITA, PERSEGUIÇÕES, RETALIAÇÕES, EM FIM O QUADRO IDEAL PARA NOSSO PLENO DOMÍNIO...
- NÃO CONSIGO DEFINIR COM PRECISÃO QUE LUGAR É ESSE, MEU CPD (COMPUTADOR PESSOAL DIABÓLICO) INFORMA QUE EXISTEM MUITOS LOCAIS COM ESSAS CARACTERÍSTICAS, NECESSITO DE MAIS DADOS.
- TEM UM EDIL QUE ROUBOU E NÃO FOI PRESO PORQUE ERA RÉU PRIMÁRIO...
- MEU! E FOI ELEITO?
- SIM! COM MUITOS E MUITOS VOTOS.
- ETA POVINHO BOM! SÃO DOS NOSSOS.
- TEM UM POR LA QUE É QUASE NOSSO REPRESENTANTE DIRETO...
- AH! AQUELE PARA O QUAL RESERVAMOS A SUÍTE NEGRA! O EXTERMINADOR DE SONHOS ALHEIOS?
- SIM! O PROPRIO
- É! QUALQUER HORA ELE VOLTA, JÁ ESTAMOS PICOTANDO A PURPURINA E ARMAZENANDO OS FOGUETES.
- SERÁ ELE?
- NÃO! ELE AINDA TEM MUITO VENENO PARA GASTAR E MUITO MAIS PARA APANHAR DA VIDA...
- APANHAR DA VIDA?
- AMIGO! QUEM DETONA COM OS OUTROS AFRONTA A VIDA. SE CERCA DE BENS MATERIAIS, MAS A ESCURIDÃO INTERIOR OS TORNA AMARGOS, DOENTES, MESQUINHOS E SEMPRE CARREGAM CONSIGO A MISÉRIA MORAL...
- MAS QUAL A VANTAGEM DE TANTA SOBERBIA SE NUNCA DESFRUTAM DE PAZ E TRANQUILIDADE?
- QUALÉ CARA! TA TIRANDO UMA? O CARA É DOS NOSSOS, VENDEU A ALMA AS TREVAS EM TROCA DE PODER, DE GRANA E JÁ TEM GARANTIDO UMA SUÍTE POR AQUI.
- É VERDADE! UMA SUÍTE NO INFERNO É O SONHO DE CONSUMO DOS QUE CULTUAM E AUXILIAM A ESCURIDÃO. ONTEM PASSEI FRENTE À DE UM FELIZARDO QUE FOI PREMIADO COM UMA E FIQUEI EXTASIADO COM OS GRITOS E GEMIDO PARECEU QUE A FESTA ESTAVA ANIMADA...
- NOSSO CHEFE É MAGNÂNIMO COM SEUS SERVIDORES E SEMPRE PUXA UMA BRASA A MAIS PARA SUAS FOGUEIRAS...
- BOM! JÁ SABEMOS QUAL A CIDADE...
- É VERDADE! MAS AINDA NÃO DESCOBRIMOS QUEM ESTÁ CHEGANDO!
- MEU COMPUTADOR ESTÁ INFORMANDO QUE O CARA GOSTA DE VER O CIRCO PEGAR FOGO...
- QUEM SERÁ?
- NÃO PERTENCE A NENHUM GRUPO DE CORRUPTOS!
- COMO ASSIM?
- A FICHA ESTÁ LIMPA...
- COMPLICADO EM! NEM UM ROUBINHO? UMA NOTA FISCAL ADULTERADAS? UM NEPOTISMO DISSIMULADO? UMA TROCA DE FAVORES?UM DESACATO A CIDADANIA? UM ROMPANTE DE AUTORITARISMO?
- NADA! A FICHA NESSE QUEZITO ESTÁ LIMPA...
- EI! O CARA TA CHEGANDO! VAMOS DESCOBRIR QUEM É O SACANA...
- MEU! NÃO ACREDITO! OLHA SÓ QUEM É O FELIZARDO...
- NOOOOSSA! NÃO ACREDITO! O CRONISTA.
GASTÃO FERREIRA/IGUAPE/SP
Resgate de Poesias - 3
"O ÉBRIO"
Alto, magro, vestido em seu roupão cinzento,
o pobre ébrio lá vai, sózinho cambaleando,
tropeçando de um lado e, de outro, tropeçando,
rumo à venda, comprar o seu esquecimento.
-Por que bebes demais? - Um desmoronamento,
talvez, na sua vida...A dor, de quando em quando...
e, fleugmático, e só, como sonâmbulando,
segue. - Vê como vai! Quase o arrebenta o vento.
-Bebe, louco! - Embebeda a tua dor maldita!
-Sufoca o teu pesar! -Vinga, teus males, vinga!
-Teu pobre coração já não palpita...
E ele, triste, a cismar no vício que o enxorta,
como louco, revê, no seu copo de pinga,
mãos cruzadas ao peito, a sua noiva morta.
Rio, Outubro de 1934. MORA REGO
Fonte: O IGUAPE - Domingo, 02/12/1934 - Anno I - Num. 367.
(Acervo: Museu Mun. "Pedro Laragnoit" - Miracatu-SP)
"O AMOR"
Tem doçuras do ceu, tem tormentos do inferno;
E dando graça à vida, às vezes, a desgraça.
Um momento sofrido por sua causa - É eterno!
E seu eterno gozo - Num momento passa!
Feliz de quem o tem na paz do lar paterno,
Onde ele, sendo mais do que espuma ou fumaça,
Coloca em cada lábio o riso doce e terno,
Transformando-o num ceu cheio de vida e graça.
Faz da esposa-Maria, e do esposo-José!
Faz da alcova um presépio como o de Belém:
-Divino em sua modéstia e grande pela fé!
Faz do filhinho um Cristo!...Se não disse bem
Cantando assim o Amor - Perdão.
Só que Ele é um bálsamo que cura...
Mas, mata também.
Xiririca, 1924 - DOMINGOS BAUER
Fonte: O IGUAPE - 21/12/1924 - Anno I - Num. 17
(Acervo: Museu Mun. "Pedro Laragnoit" - Miracatu-SP)
Alto, magro, vestido em seu roupão cinzento,
o pobre ébrio lá vai, sózinho cambaleando,
tropeçando de um lado e, de outro, tropeçando,
rumo à venda, comprar o seu esquecimento.
-Por que bebes demais? - Um desmoronamento,
talvez, na sua vida...A dor, de quando em quando...
e, fleugmático, e só, como sonâmbulando,
segue. - Vê como vai! Quase o arrebenta o vento.
-Bebe, louco! - Embebeda a tua dor maldita!
-Sufoca o teu pesar! -Vinga, teus males, vinga!
-Teu pobre coração já não palpita...
E ele, triste, a cismar no vício que o enxorta,
como louco, revê, no seu copo de pinga,
mãos cruzadas ao peito, a sua noiva morta.
Rio, Outubro de 1934. MORA REGO
Fonte: O IGUAPE - Domingo, 02/12/1934 - Anno I - Num. 367.
(Acervo: Museu Mun. "Pedro Laragnoit" - Miracatu-SP)
"O AMOR"
Tem doçuras do ceu, tem tormentos do inferno;
E dando graça à vida, às vezes, a desgraça.
Um momento sofrido por sua causa - É eterno!
E seu eterno gozo - Num momento passa!
Feliz de quem o tem na paz do lar paterno,
Onde ele, sendo mais do que espuma ou fumaça,
Coloca em cada lábio o riso doce e terno,
Transformando-o num ceu cheio de vida e graça.
Faz da esposa-Maria, e do esposo-José!
Faz da alcova um presépio como o de Belém:
-Divino em sua modéstia e grande pela fé!
Faz do filhinho um Cristo!...Se não disse bem
Cantando assim o Amor - Perdão.
Só que Ele é um bálsamo que cura...
Mas, mata também.
Xiririca, 1924 - DOMINGOS BAUER
Fonte: O IGUAPE - 21/12/1924 - Anno I - Num. 17
(Acervo: Museu Mun. "Pedro Laragnoit" - Miracatu-SP)
Poema para Boloño
Um jogo de montar poemas
Pedra atirada ao acaso
E pular para chegar ao céu
Ao limbo ou inferno compartilhados
Todo jogo é arbitrário, regras aprendidas
Ao jogá-lo
Só se aprende o texto lendo
Às vezes só se apreende as palavras escritas vendo
Só se compreende plenamente a mensagem correspondendo
A literatura moderna de língua hispanica exige investigação selvagem
Partindo de várias estórias retalhos para se formar um texto colcha
Temporário, parcial, inacabado, e também contraditório, faltando ou sobrando ''de muito"
cabendo terminá-lo ou imaginar o seu fluxo contínuo ( pois temos esta possibilidade de também
contar a nossa versão) do inferno limbo compartilhado ( America Latina)
Geração de jovens poetas (1970)mortos ou perdidos, ou de ideais perdidos
Com seus ideais, perdidos poetas
Com poesias mortas sem sentido,como a Latina América Surrealista
Seus mitos vagando e pregando sua estética do sonho que Glauber Rocha sacou e escreveu a estética
do sonho;
Allende morto como sonho
Jovens universitários correndo, fugindo do gás lacrimogenio, e das porradas de policiais estúpidos, que promovem um espetáculo para apenas uma expectadora
Que ve a distancia, todo o movimento da janela do banheiro da faculdade
Sentada com os pés suspensos e sua calcinha por entre os joelhos
Sua imagem congelada
... vários narradores narrando várias estórias do limbo e do inferno compartilhados
E eu no inferno e no limbo também,compartilho o meu POEMA PARA BOLOÑO
Pedra atirada ao acaso
E pular para chegar ao céu
Ao limbo ou inferno compartilhados
Todo jogo é arbitrário, regras aprendidas
Ao jogá-lo
Só se aprende o texto lendo
Às vezes só se apreende as palavras escritas vendo
Só se compreende plenamente a mensagem correspondendo
A literatura moderna de língua hispanica exige investigação selvagem
Partindo de várias estórias retalhos para se formar um texto colcha
Temporário, parcial, inacabado, e também contraditório, faltando ou sobrando ''de muito"
cabendo terminá-lo ou imaginar o seu fluxo contínuo ( pois temos esta possibilidade de também
contar a nossa versão) do inferno limbo compartilhado ( America Latina)
Geração de jovens poetas (1970)mortos ou perdidos, ou de ideais perdidos
Com seus ideais, perdidos poetas
Com poesias mortas sem sentido,como a Latina América Surrealista
Seus mitos vagando e pregando sua estética do sonho que Glauber Rocha sacou e escreveu a estética
do sonho;
Allende morto como sonho
Jovens universitários correndo, fugindo do gás lacrimogenio, e das porradas de policiais estúpidos, que promovem um espetáculo para apenas uma expectadora
Que ve a distancia, todo o movimento da janela do banheiro da faculdade
Sentada com os pés suspensos e sua calcinha por entre os joelhos
Sua imagem congelada
... vários narradores narrando várias estórias do limbo e do inferno compartilhados
E eu no inferno e no limbo também,compartilho o meu POEMA PARA BOLOÑO
ALMA LEVE
ALMA LEVE
AH! MAS QUE VIDA DANADA
AO MUNDO DIZENDO AMEM
É TANTA PEDRA NA ESTRADA
EU TABALHO E SOU NINGUÉM...
E AS PEDRAS NO CAMINHO
ME AJUDAM A LEVANTAR...
NÃO SÃO PEDRAS, ESPINHOS,
SÃO ASAS!... FAZEM VOAR...
TENDO UM SORRISO NO ROSTO
EM MEIO A INCOMPREENSÃO
GRITA NO PEITO UM DESGOSTO
E EU SIGO AFIRMANDO:- NÃO!
NÃO A MALDADE E A TRISTEZA
SOU OVELHA SEM PASTOR...
NESSE RIO SEM CORRENTEZA
DE MEU MUNDO SOU SENHOR
NÃO CHORO FALTA DE AFAGOS
POIS A VIDA É MUITO BREVE
É ALTO O PRÊÇO QUE PAGO
PARA TER A ALMA LEVE!
GASTÃO FERREIRA/IGUAPE/2009
O MENINO SAPO
O SAPO
01
TEATRO INFANTIL
TEMA: - DEFESA DO MEIO AMBIENTE
- CUIDADOS COM O LIXO
- AMOR A NATUREZA
AUTOR: GASTÃO FERREIRA
PERSONAGENS: - MENINO
- PAI DO MENINO
- BRUXA DA FLORESTA
- MACACO
- PORCO ESPINHO
- PASSARINHO
- ÁRVORES
- FLÔRES
G.FERREIRA/IGUAPE/SP/2006
ATO –I - FLORESTA
MACACO - AMIGO PORCO ESPINHO ANDO DANADO DE PREOCUPADO! 02
PORCO ESPINHO - O QUE ACONTECEU COMPADRE MACACO?
MACACO - SABE COMPADRE! O SENHOR JÁ REPAROU COMO O NOSSO
LAGUINHO ANDA SUJINHO?
PORCO ESPINHO - ORA! O SENHOR SABE QUE JÁ NOTEI! DIA DESSES FUI BEBER
ÁGUA E ENCONTREI UM SACO DE LIXO...
MACACO - SACO DE LIXO COMPADRE? QUE EU SAIBA BICHO NÃO
ENSACA LIXO!
PORCO ESPINHO - POIS VEJA O SENHOR COMPADRE MACACO! ALGUÉM ANDA
SUJANDO A NOSSA AGUINHA!
MACACO - QUEM SERÁ?
PORCO ESPINHO - O COMPADRE GAMBÁ, O FEDORENTO, NÃO PODE SER...
MACACO - O URUBÚ?
PORCO ESPINHO - URUBÚ COME LIXO!
MACACO - ALGUM PASSARINHO?
PORCO ESPINHO - PUXA COMPADRE! O SENHOR HEM! PASSARINHO É MUITO
PEQUENO PARA VOAR COM UM SACO DE LIXO...
MACACO - CEGONHA CARREGA! NÃO?
PORCO ESPINHO -COMPADRE AÍNDA ACREDITA EM CEGONHA?
MACACO -JÁ SEI!...JÁ SEI!
PORCO ESPINHO -E QUEM É?... QUEM É?
MACACO - É UM FILHOTE DE BICHO HOMEM!
PORCO ESPINHO -FILHOTE DE BICHO HOMEM?
MACACO -SIM!...É ELE MESMO! SÓ PODE SER ELE!
PORCO ESPINHO -POR QUE COMPADRE?
MACACO -O BICHO HOMEM É O ÚNICO BICHO QUE 03
DESTRÓI A NATUREZA...
PORCO ESPINHO -NOOOOSSA! É MESMO!
MACACO -É SIM!...ELE DERRUBA ÁRVORES PARA FAZER FOGO...
PORCO ESPINHO -E PRÁ QUE ELE PRECISA DE FOGO?
MACACO -ORA COMPADRE! ELE NÃO É QUE NEM A GENTE, COM
ESSA ROUPINHA FOFA E CONFORTÁVEL... ELE FAZ FOGO
PARA NÃO SENTIR FRIO...
PORCO ESPINHO - ORA!...ORA!...VEJAM SÓ...
MACACO - E TAMBÉM PARA COZINHAR A COMIDA DELE! É O ÚNICO
BICHO QUE COZINHA A PROPRIA COMIDA...
PORCO ESPINHO - MAS JOGAR LIXO NA ÁGUA?
MACACO - ELES TEM UMAS CESTAS ONDE ESTÁ ESCRITO “LIXO”, MAS
ELES NEM LIGAM, JOGAM EM TODO O LUGAR...
PORCO ESPINHO -E POR QUÊ?
MACACO -ELES SE JULGAM OS REIS DA CRIAÇÃO
PORCO ESPINHO -PUUUXA!
MACACO -ELES ROUBAM... MATAM... BRIGAM ENTRE ELES... DIZEM PALAVRÃO...
PORCO ESPINHO -NÃO ACREDITO!...FALAM PALAVRÃO?
MACACO -SIM COMPADRE! O BICHO HOMEM QUANDO NÃO SABE O NOME DE
UMA PALAVRA OU OBJETO, FALA UM PALAVRÃO NO LUGAR...
PORCO ESPINHO - COITADO! COMO É BURRO...
MACACO -NÃO PRECISA OFENDER O COMPADRE BURRO...
PORCO ESPINHO -O SENHOR ACHA COMPADRE MACACO QUE É UM FILHOTE
DE BICHO HOMEM QUE ESTÁ SUJANDO O LAGUINHO
MACACO - E QUE PUDÉRA SER? O FILHOTE DO BICHO HOMEM É
PIOR DO QUE O BICHO HOMEM...
PORCO ESPINHO - PIOR QUE A COMADRE COBRA? 04
MACACO - MUITO PIOR! A COMADRE COBRA SÓ ATACA SE
O SENHOR PISAR NELA...
PORCO ESPINHO - PIOR QUE A COMADRE ONÇA?
MACACO -MUITO PIOR! A COMADRE ONÇA SÓ ATACA SE
ESTIVER COM FOME.
PORCO ESPINHO -IIIH! QUE BICHO TERRÍVEL!
MACACO -PSSSIU!...TÔ SENTINDO O CHEIRO DE BICHO HOMEM...
PORCO ESPINHO - AÍ COMPADRE! O QUE VAI SER DE NÓS?
MACACO -FIQUE CALMO! VAMOS PROCURAR A BRUXA DA FLORESTA
E PEDIR A SUA AJUDA...
PORCO ESPINHO - É PRÁ JÁ...
ENTRA NA FLORESTA UM MENINO COM UM ESTILINGUE NA MÃO
MENINO - EU VÍ UM NINHO DE PASSARINHO POR AQUI... TENHO
CERTEZA QUE É POR AQUI... ÊÊH... OLHA ALÍ UM
PASSARINHO! ESSE NÃO ESCAPA... (DÁ UMA ESTILINGADA
NO PASSARINHO E O PASSARINHO CAI... QUANDO ELE VAI MATAR O
PASSARINHO APARECE A BRUXA DA FLORESTA)
BRUXA -PARE COM ISSO SEU DIABINHO!
MENINO -A VOVÓ VAI CUIDAR DE SUA VIDA!
BRUXA -QUANDO É QUE VOCE VAI APRENDER A RESPEITAR OS OUTROS?
MENINO -QUE OUTROS? ELE É APENAS UM PASSARINHO A MAIS!
BRUXA -E VOCE É APENAS UM MENINO DESBOCADO...
MENINO -SOU UM HOMEM!
BRUXA -VOCE É UM DESTRUIDOR DE LARES! 05
MENINO -LARES? QUE LARES?
BRUXA -VOCE ACHA QUE ESSE PASSARINHO NÃO TEM UMA FAMÍLIA?
UMA MÃE?...UM PAI?...UM IRMÃO?...
MENINO -MAS QUE PAPO FURADO!...
BRUXA -VOCE GOSTARIA QUE ALGUEM MATASSE SEU IRMÃO?
MENINO -O JOÃOZINHO?...CRÚZ CREDO!...NUNCA!
BRUXA -MAS TÁ MATANDO O IRMÃO DE UM PASSARINHO!
MENINO -MAS É SÓ UM PASSARINHO!
BRUXA -É SÓ UM PASSARINHO... ASSIM COMO VOCE É APENAS
UM MENINO. ÚNICO!...NÃO EXISTE NINGUÉM IGUAL
A VOCE... COM ESSE PASSARINHO É A MESMA COISA...
IGUAL A ELE, SÓ EXISTE ELE MESMO, E VOCE VAI MATÁ-LO!
MENINO - QUE SE DANE!...TÁ CHEIO DE PASSARINHO NO MUNDO...
BRUXA -AH É! TAMBÉM TÁ CHEIO DE MENINO NO MUNDO... VOCE
VAI VER O QUE É BOM PARA A TOSSE (LEVANTA UMA
VARINHA E DIZ):- XAZAM!...XAZAM!...ESSE MENINO É PIOR
QUE UM TRAPO... QUERO QUE ELE VIRE SAPO. (FORMA UMA
NUVEM DE FUMAÇA E O MENINO VIRA SAPO)
BRUXA -VOCE VAI SER SAPO ATÉ APRENDER A RESPEITAR A NATUREZA.
SE UM DIA CONSEGUIR E FIZER ALGUM BEM, POSSO REVERTER
O FEITIÇO...
FIM DO PRIMEIRO ATO
ATO – II - O SAPO 06
SAPO -ONDE ESTÃO AS MINHAS MÃOZINHAS?
BICHOS -SUMIRAM!
SAPO -ONDE ESTÁ O MEU CABELINHO?
BICHOS -SUMIU!
SAPO -ONDE ESTÁ O MEU NARIZINHO?
BICHOS - SUMIU!
SAPO -ONDE ESTÁ A MINHA BOQUINHA?
BICHOS -BOCÃO!
SAPO -O QUE VAI SER DE MIM? COITADA DA MINHA MÃE!
BICHOS -COITADA DA MÃE DO PASSARINHO!
SAPO -PAPAI VAI FICAR PREOCUPADO COMIGO!
BICHOS -PAI DO PASSARINHO TÁ PREOCUPADO COM ELE!
SAPO -COMO É QUE EU POSSO OUVIR VOCES?
MACACO -AGORA VOCE É UM BICHO E PODE NOS ENTENDER...
SAPO -EU SOU UM MENINO!
MACACO -VOCE É UM SAPO...
BICHOS -(CANTANDO)... UM SAPO FEDORENTO... SAPO... SAPO... SAPO...
SAPO - NÃO SOU!...NÃO SOU!...NÃO... NÃO... NÃO...
BICHOS -UM SAPO FEIOSO!...UM SAPO FEIOSO!...
SAPO -EU SOU UM MENINO!...EU SOU UM MENINO!
BICHOS -SAPO!...SAPO!...SAPO DA LAGOA!
SAPO -NÃO!...NÃO!...NÃO!...
BICHOS -O SAPO NÃO LAVA O PÉ... NÃO LAVA PORQUE NÃO QUÉ...
SAPO -MAS POR QUE ACONTECEU ISSO COMIGO?
MACACO -PARA VOCE APRENDER...
SAPO -APRENDER O QUÊ? 07
MACACO -VOCE ESTÁ VENDO COMO TODOS NÓS VIVEMOS AQUÍ
NA FLORESTA? VIVEMOS NA MAIOR UNIÃO, A FLORESTA É
NOSSO HABITATE...
SAPO -HABITATE?...O QUE É ISSO?...
MACACO -É O LUGAR ONDE MORAMOS...
SAPO -MAS O HOMEM TAMBÉM DIVIDE O MESMO ESPAÇO COM VOCES?
MACACO -SIM!...É ISSO MESMO!...POR ISSO ELE NÃO DEVE DESTRUIR O
LOCAL ONDE OS OUTROS MORAM...
SAPO -NÃO ENTENDÍ!
MACACO -É ASSIM!...AGORA A SUA CASA É NA LAGOA... ALÍ VOCE COME,
DORME, NAMORA E BRINCA... VOCE GOSTARIA QUE ALGUÉM JOGASE
LIXO DENTRO DA SUA CASA? NA SUA COMIDA?
SAPO -EU NÃO!
MACACO -MAS JÁ VIRAM VOCE JOGANDO LIXO NO LAGUINHO!
SAPO -EU NÃO SABÍA QUE MORAVA ALGUÉM LÁ!
MACACO -POIS MORA!...E NÃO É SÓ VOCE!...LÁ MORAM CENTENAS
DE SERES VIVOS... LÁ É UM LAR PARA VÁRIAS ESPECIES DE ANIMAIS.
SAPO -PUXA!...QUE INTERESSANTE!
MACACO -VOCE ACHA INTERESSANTE O SEU PAI EXTERMINAR TODOS OS
BICHOS DA LAGOA?
SAPO -QUE BICHOS?
MACACO -RÃS, JACARÉS, CAPIVARAS, TATETOS. A LAGOA É O LOCAL ONDE
TODOS NÓS BEBEMOS ÁGUA E SEU PAI ESTÁ ACABANDO COM
OS PEIXES!
SAPO -E DAÍ? PEIXE NÃO TEM DONO!
MACACO -CLARO QUE NÃO TEM DONO! OS PEIXES SÃO UM BEM COMUM,
COMO A MATA, O RIO, O AR...
SAPO -FALÔ E DISSE; - SE NÃO TEM DONO É DE QUEM CHEGAR PRIMEIRO!
MACACO -PUXA VIDA! VOCE É UM SAPO OU UM BURRO? VOCE NÃO ESTÁ
ENTENDENDO? QUANDO ALGUÉM SE APOSSA DE UM BEM COMUM
EM PROVEITO PROPRIO E VISANDO LUCRO, ESTA PESSOA ESTÁ
ERRADA. QUANDO UM PESCADOR PROFISSIONAL VEM ATÉ NOSSO
LAGUINHO E RETIRA CENTENAS DE PEIXES, ELE DESEQUILIBRA NOSSO
MEIO AMBIENTE...
SAPO -COITADO DO MEU PAI! ELE PESCA DE LINHADA E SÓ FISGA UNS DOIS
OU TRES PEIXINHOS.
MACACO -ENTÃO ELE É UM PESCADOR AMADOR E PESCA PARA A PROPRIA
ALIMENTAÇÃO.
SAPO -É ISSO AÍ!
MACACO -TA BOM! TA BOM! VOU ACREDITAR EM VOCE, MAS ESSA COISA DE
PESCADOR PROFISSIONAL PESCAR FORA DOS LOCAIS DETERMINADOS
POR LEI É TERRÍVEL. ACABAM ATÉ COM OS ALEVINOS...
SAPO -ALEVINOS?
MACACO -FILHOTES DE PEIXE...
SAPO -VOCE QUER DIZER QUE ÊLES EXTERMINAM A FAMÍLIA TODA, AVÓS,
TIOS, PRIMOS, PAIS E FILHOS?
MACACO -SIM! É UMA TRISTEZA SÓ, E POR VEZES NÃO RESTA UM PARA CONTAR
A HISTÓRIA.
SAPO -PELO QUE PERCEBÍ, ISSO DE PESCA PROFISSIONAL E AMADORA SÃO
COISAS BEM DIFERENTES...
MACACO -O AMADOR PESCA POR LAZER OU ALIMENTAÇÃO, E O PROFISSIONAL
É PARA VENDER. O PROBLEMA É QUE OS DOIS
QUEREM O MESMO PEIXE, QUE VIVE NO MESMO LOCAL E ENTÃO
COMEÇA A BRIGA, O CONFLITO...
SAPO -O CONFLITO?
MACACO -É CONFLITO, BRIGA FEIA, POIS O PROFISSIONAL ESTÁ DESTRUINDO
PARA COMERCIALIZAR O QUE NÃO É PROPRIEDADE SUA, O QUE NÃO
PLANTOU, ASSIM COMO FAZ O PALMITEIRO, O MADEREIRO E
MUITOS OUTROS.
SAPO -PUXA!... PRECISO PENSAR SOBRE ISSO!
MACACO -OUTRA COISA! VOCE QUASE MATOU O COMPADRE PASSARINHO
PESSA DESCULPAS A ELE...
SAPO -PASSARINHO?... DESCULPE-ME!
PASSARINHO -VOU DESCULPAR PORQUE ESTOU SEM FOME, SENÃO PAPAVA
VOCE JÁ!
SAPO -VOCE COME SAPO?
PASSARINHO -É MEU PRATO PREDILETO...
SAPO -ENTÃO ESSE LUGAR É PERIGOSO? POSSO VIRAR JANTAR...
PASSARINHO -SÓ QUANDO EU ESTIVER COM FOME, POIS TAMBÉM COMO 08
FORMIGAS, INSETOS, MINHOCAS E OUTRAS GULOZEIMAS
QUE ANDAM PASSEANDO AÍ PELA FLORESTA...
SAPO -AMIGO PASSARINHO!...DESCULPA-ME, EU NÃO SABIA QUE O
QUE EU ESTAVA FAZENDO ERA ERRADO...
PASSARINHO -SÓ ESTOU PREOCUPADO É COM MINHA MÃE!...DEVE ESTAR AFLITA.
SAPO -ENTÃO!...VOCE TEM UMA MÃE?
PASSARINHO -MINHA FAMÍLIA É IMENSA... AVÓS... TIOS... TIAS... PRIMOS. TENHO
ATÉ UM IRMÃOZINHO QUE ESTÁ APRENDENDO A VOAR... SUIFT...
SHUIFT (CHORO)... E EU ERA O SEU PROFESSOR...
SAPO -AH!...PERDOA-ME!...ME DESCULPA MESMO?
PORCO ESPINHO -VAMOS ESQUECER TUDO ISSO!...AFINAL DE CONTAS A SUA CASA
É AGORA AQUI NA FLORESTA...
SAPO -EU NÃO QUERO FICAR AQUI! EU QUERO VOLTAR PARA A MINHA CASA
PORCO ESPINHO -A COMADRE COBRA ADORA SAPO E ELA PODE ESTAR POR AÍ...
SAPO -MEU PAI!...MEU PAI VAI VIR ME PROCURAR
PORCO ESPINHO -E DAÍ?...VOCE É UM SAPO!...ACHA QUE ELE VAI TE RECONHECER?
BICHOS -(CANTANDO)-VOCE É UM SAPO
VOCE É UM SAPO SUJO...
O SAPO NÃO LAVA O PÉ
NÃO LAVA PORQUE NÃO QUÉ
ELE MORA LÁ NA LAGOA
NÃO LAVA O PÉ
PORQUE NÃO QUÉ!
.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X.X
BICHOS SAEM CORRENDO E GRITANDO:- BICHO HOMEM VEM AÍ! FUJAM...
(HOMEM PEGA O MACACO E O PASSARINHO FERIDO E OS AMARRA NUMA ÁRVORE) 09
HOMEM -PUXA!...QUE SORTE! VOU VENDER ESSE MACACO COMO
ANIMAL DE ESTIMAÇÃO...
MACACO -NÃO!...NÃO! EU TENHO FILHOS PEQUENOS!...NÃO!...NÃO!
HOMEM -PARE DE GRITAR COISA RUIM!...(DÁ UM TAPA NO MACACO)
MACACO -NÃO ME BATA!...NÃO! NÃO!...
HOMEM -ESSE PASSARINHO VOU COMER ENSOPADO... UMA DELÍCIA!
PASSARINHO -COITADO DE MIM! VOU VIRAR ENSOPADO! NÃO!...NÃO!
SAPO -É MEU PAI!...É MEU PAI!(PULA)... PAI!...PAI!...
HOMEM -ÊTA SAPO FEIO! MATÁ SAPO DÁ AZAR... SAI BICHO FEIO!
SAPO -PAI!...PAI!...PAI!...
HOMEM -PÔ! QUE SAPO CHATO... (DÁ UM PONTAPÉ NO SAPO)
SAPO -AÍ!...AÍ!...AÍ!...DOEU...
HOMEM -DAREI UMA ESPIADA POR AÍ, PARA VER SE ENCONTRO O
MEU FILHO... ACHO QUE SE PERDEU. (ENTRA NO MATO)
BÉÉÉTO!...BÉTINHO!...ONDE ESTÁ VOCE?
MACACO -NÃO FALEI QUE O BICHO HOMEM É TERRÍVEL!
SAPO -PAPAI NÃO SABE QUE VOCE É MEU AMIGO!
MACACO -PAPAI ME DEU UM PONTAPÉ!
SAPO -ELE NÃO SABE QUE EU SOU O BÉTO...
MACACO -SEU PAI É IGUAL A TODOS OS BICHOS HOMENS... SÓ
PENSA EM DESTRUIR... MATAR...
SAPO -ELE NÃO SABE O QUE EU SEI AGORA!...MAS EU VOU
SOLTAR VOCES (COMEÇA A ROER A CORDA... O PAI VOLTA)
HOMEM -ORA! VEJA SÓ!ESSE SAPO NOJENTO QUERENDO SOLTAR
OS MEUS PRISIONEIROS...
SAPO -PAI!...PAI!... 10
HOMEM -SAI BICHO!
SAPO -PAPAI!...PAPAI!...
HOMEM -ESSE SAPO DEVE ESTRAR LOUCO (O HOMEM PEGA UMA MADEIRA
E COMEÇA A BATER NO SAPO)... (OS BICHOS SE SOLTAM)
SAPO -PAI! NÃO ME MATE! EU SOU O BÉTO...
HOMEM -MORRE PORCARIA!...
SAPO -MEU PAI! NÃO ME MATE!...
HOMEM -MORRE FEIOSO!
SAPO -ESTOU FERIDO! ESTOU MORRENDO! PERDÃO MEUS AMIGOS
DA FLORESTA! AGORA EU SEI QUE ESTAVA ERRADO... TODOS NÓS
TEMOS DIREITO A VIDA... PERDOEM-ME!...PERDOEM-ME!(O HOMEM
VAI DAR MAIS UMA PAULADA NO SAPO, ESCORREGA, BATE COM A
CABEÇA E DESMAIA)...(A BRUXA APARECE)
BRUXA -SAPO! VOCE APRENDEU A LIÇÃO... AGORA VAI SER UM HOMEM DE
VERDADE... DEFENSOR DA NATUREZA E DE TODOS OS SERES VIVOS...
XAZAM!...XAZAM!...TUDO QUE VEM SOME... QUE O SAPO VIRE
HOMEM (NUVEM DE FUMAÇA, O SAPO VIRA O MENINO)
MENINO -OBRIGADO A TODOS!...OBRIGADO PELA LIÇÃO QUE ME ENSINARAM
AGORA VOU APROVEITAR MELHOR MINHA INTELIGÊNCIA... VOU
PROTEGER A TODOS VOCES, MEUS AMIGOS... SOMOS PARTE DA
MESMA CRIAÇÃO E TODOS TÊM O DIREITO A VIDA... OBRIGADO!
VOU SOCORRER MEU PAI...
MENINO -PAI!...PAI!...ACORDA
HOMEM -O QUE ACONTECEU?
MENINO -NÃO SABE!...O SENHOR NÃO TAVA TIRANDO UMA SONÉCA?
HOMEM -SERÁ?...ENTÃO SONHEI QUE TINHA CAÇADO UM MACACO E
UM PASSARINHO E DEPOIS VEIO UM SAPO E SOLTOU-OS 11
AÍ! EU BATI NO SAPO...
MENINO -PÔ PAI! QUE SONHO HEM!...VEM... VAMOS PARA CASA?
HOMEM -SERÁ QUE FOI UM SONHO? EU HEM!
MENINO -SÓ PODE TER SIDO... (VÃO SAINDO)
BICHOS -(CANTANDO)-O SAPO NÃO LAVA O PÉ
NÃO LAVA PORQUE NÃO QUÉ
ELE MORA LÁ NA LAGOA
NÃO LAVA O PÉ
PORQUE NÃO QUÉ...
FIM
GASTÃO FERREIRA
IGUAPE/SP/2006
dia incompleto
Os seus lábios,
a sua voz.
Para completar este instante
preencho o dia pensando em você.
A música não mais querendo acabar,
a tarde sendo envolvida com seus passos leves,
e em mim só o desejo de acompanhá-la,
a música e você,
dançando a noite a dentro,
tocando o seu corpo,
imaginando em cada mínimo toque
cada segredo que nele haveria.
Poucas palavras mereciam esse momento
e elas só poderiam ter sido ditas em seu ouvido
São Paulo 18-10-2003
a sua voz.
Para completar este instante
preencho o dia pensando em você.
A música não mais querendo acabar,
a tarde sendo envolvida com seus passos leves,
e em mim só o desejo de acompanhá-la,
a música e você,
dançando a noite a dentro,
tocando o seu corpo,
imaginando em cada mínimo toque
cada segredo que nele haveria.
Poucas palavras mereciam esse momento
e elas só poderiam ter sido ditas em seu ouvido
São Paulo 18-10-2003
Chuva garoada na noite de lua
o barulho da chuva nas folhas das árvores desperta a atenção
agora há bem pouco tempo uma grande nuvem chegava bem de mansinho
devagarinho...devagarinho...
parecia um grande navio cósmico
o luar...se contar ninguém acredita...tava tão claro que levou-me para longe.
Um barulho maior da chuva vem trazendo suas gotas de longe.
Um barulho bem ao fundo.
Se fosse de dia daqui de cima conseguiria ver a chuva chegando ao longe.
A noite é bem tranqüila
A poesia abre pedaços na frieza das coisas.
Sem poesia as coisas seríam bem frias.
Mas o frio é bom quando temos um fogo para aquecer as mãos
Só o barulho de gotas
Escorregando de mansinho
Começando a cair com força
Pingo em pingo
A cada olhada um barulho
Olho com os ouvidos e não consigo nomear os barulhos da chuva
Chuva garoada da noite enluarada
Se fosse de dia bem quente entrava na chuva
A poesia rompe as fronteiras
O sentimento pode ser a fronteira
Faço poesia com quem quer que queira
Palavras boas são ditas por toda e qualquer boca
A chuva vai diminuindo aos poucos
Até uma moto ronca na rua
Cato milho como quem cata palavras
Toda palavra tem o seu merecimento
Agora poucas gotas caem das folhas das árvores
E a lua?
Ainda não voltou.
Déco
Sete Barras 08-04-2009
agora há bem pouco tempo uma grande nuvem chegava bem de mansinho
devagarinho...devagarinho...
parecia um grande navio cósmico
o luar...se contar ninguém acredita...tava tão claro que levou-me para longe.
Um barulho maior da chuva vem trazendo suas gotas de longe.
Um barulho bem ao fundo.
Se fosse de dia daqui de cima conseguiria ver a chuva chegando ao longe.
A noite é bem tranqüila
A poesia abre pedaços na frieza das coisas.
Sem poesia as coisas seríam bem frias.
Mas o frio é bom quando temos um fogo para aquecer as mãos
Só o barulho de gotas
Escorregando de mansinho
Começando a cair com força
Pingo em pingo
A cada olhada um barulho
Olho com os ouvidos e não consigo nomear os barulhos da chuva
Chuva garoada da noite enluarada
Se fosse de dia bem quente entrava na chuva
A poesia rompe as fronteiras
O sentimento pode ser a fronteira
Faço poesia com quem quer que queira
Palavras boas são ditas por toda e qualquer boca
A chuva vai diminuindo aos poucos
Até uma moto ronca na rua
Cato milho como quem cata palavras
Toda palavra tem o seu merecimento
Agora poucas gotas caem das folhas das árvores
E a lua?
Ainda não voltou.
Déco
Sete Barras 08-04-2009
Passagem (uma lembrança da Nani e da Márcia)
um entrar na floresta
a chuva caída ali no cantinho de cada vão da mata
chuva serenada. Pingos de garoa.
O caminhar...o começo.
flores azuis. Uma gota d’água azulada
Só olhar e guardar na lembrança
o desejo da vida.
O grito úmido da mata
na entardecida que principiava.
- Aonde vai dar este caminho?
- Isto é caminho por onde iam cortar madeira.
Mata trilhada...
ecos de árvores espalhadas por entre folhas.
Presenças queridas.
Passos que ecoam dos ramos e galhos
balançados por mãos e pernas
e pela força da presença.
Déco
(do livro Vento Caminhador)
Santa Rita - Miracatu 05-99
a chuva caída ali no cantinho de cada vão da mata
chuva serenada. Pingos de garoa.
O caminhar...o começo.
flores azuis. Uma gota d’água azulada
Só olhar e guardar na lembrança
o desejo da vida.
O grito úmido da mata
na entardecida que principiava.
- Aonde vai dar este caminho?
- Isto é caminho por onde iam cortar madeira.
Mata trilhada...
ecos de árvores espalhadas por entre folhas.
Presenças queridas.
Passos que ecoam dos ramos e galhos
balançados por mãos e pernas
e pela força da presença.
Déco
(do livro Vento Caminhador)
Santa Rita - Miracatu 05-99
MENDICANTE
MENDICANTE
É UM SUJEITO ATIRADO
E DE SEU NADA MAIS TEM
NA RUA VIVE LARGADO
E SEU NOME? É NINGUÉM
CONHECE A DOR DA FOME
O FRIO JÁ NÃO CAUSA MAL
ESQUECEU O PROPRIO NOME
E SE COBRE COM JORNAL...
NINGUÉM ESTÁ NA SARJETA
QUE SERÁ QUE ACONTECEU?
SERÁ QUE A ALMA INQUIÉTA
DE TANTA DOR JÁ MORREU?
SERÁ QUE SENTE SAUDADE?
DA MÃE QUE O ALIMENTOU?
E QUAL SERÍA A SUA IDADE
QUANDO A VIDA NAUFRAGOU?
TUDO ISSO ME PERGUNTO
AO VÊ-LO SEMPRE PASSAR!
SUA TRISTEZA VAI JUNTO...
A MINHA FICA NO OLHAR...
GASTÃO FERREIRA/IGUAPE/2009
FUGA TOLA
Fugi da cidade
corri até a extremidade
do mar, num olhar lancei
meus pensamentos ao horizonte
Tudo aquilo que me prendia
dentro nas estruturas frias
limitando em cores,
perdeu-se na dimensão azul
de súbito fiquei leve
que mal pude coordenar meus passos
na paz que permaneceu nítida
foi a razão que fez coerente
Percebi a tolice dos meus fantasmas
e tanto quanto eram inocentes as estruturas
o raciocínio foi tão amplo
como a amplitude oceânica ...
Fazia parte da natureza de tal maneira
que pouco pude distinguir-me em meio dela
agora sim, via o quão insignificante era
tudo o que me afligia.
Paquinha
corri até a extremidade
do mar, num olhar lancei
meus pensamentos ao horizonte
Tudo aquilo que me prendia
dentro nas estruturas frias
limitando em cores,
perdeu-se na dimensão azul
de súbito fiquei leve
que mal pude coordenar meus passos
na paz que permaneceu nítida
foi a razão que fez coerente
Percebi a tolice dos meus fantasmas
e tanto quanto eram inocentes as estruturas
o raciocínio foi tão amplo
como a amplitude oceânica ...
Fazia parte da natureza de tal maneira
que pouco pude distinguir-me em meio dela
agora sim, via o quão insignificante era
tudo o que me afligia.
Paquinha
EXISTIR
EXISTIR
ESTA SAUDADE EM MEU PEITO
TÃO MANSINHA QUE ELA VEM.
SOLUÇA... CHORA E SEM JEITO,
CHAMA TEU NOME:- MEU BEM!
NA TARDE CALMA E SERENA
FALTA A MEU LADO TUA VÓZ!
OH! COMO A VIDA É PEQUENA
QUANDO VIVEMOS TÃO SÓS...
SOZINHO EM MEU PENSAMENTO
TRISTE ÓRFÃO EM SOLIDÃO,
SINTO UM MURMÚRIO NO VENTO
DENTRO DE MIM... ILUSÃO!
ESTA SAUDADE TÃO MINHA
NÃO SEI COMO DIVIDIR...
EM MEU PEITO SE ANINHA,
ENQUANTO AMOR EXISTIR!
GASTÃO FERREIRA/IGUAPE/2009
O Siri Pererê
Ô Siri,Vem aqui!
Vem Siri!
Foge não!
Tão pequenininho,
Cabe na palma da mão!
Mas que Siri!
Siri Pererê
Na praia do Perequê!
Suruca o buraco no chão,
Vem Siri! Foge não!
Ô Siri, vem aqui!
Siri Pererê, Siri Perequê!
Suruca o buraco
Suruca o chão
Tão pequenininho
Corre do menininho
Ei Siri, Foge não!
Álvaro Ribeiro Domingues
Vem Siri!
Foge não!
Tão pequenininho,
Cabe na palma da mão!
Mas que Siri!
Siri Pererê
Na praia do Perequê!
Suruca o buraco no chão,
Vem Siri! Foge não!
Ô Siri, vem aqui!
Siri Pererê, Siri Perequê!
Suruca o buraco
Suruca o chão
Tão pequenininho
Corre do menininho
Ei Siri, Foge não!
Álvaro Ribeiro Domingues
Butterflies Don't Die
Fragile wings fly
In the road of angels
Fly indefatigable
Their flights are agile
Their wings are fragile
The heaven is endless
The winds are careful
The butterflies sometimes rest
But don't frighten
Fly until the rivers
Fly until the woods
Fly until the sky
Their breath doesn't finish
The angels accompany them
Go ahead! Go ahead!
Go ahead butterflies!
Because butterflies
don't die!
Álvaro Ribeiro Domingues
In the road of angels
Fly indefatigable
Their flights are agile
Their wings are fragile
The heaven is endless
The winds are careful
The butterflies sometimes rest
But don't frighten
Fly until the rivers
Fly until the woods
Fly until the sky
Their breath doesn't finish
The angels accompany them
Go ahead! Go ahead!
Go ahead butterflies!
Because butterflies
don't die!
Álvaro Ribeiro Domingues
The Triumph of Love
Phocion is not a man!
Phocion is a disguise!
Truth and lie,
Above all love.
Princess Aspasie disguised herself
Because she loves Agis!
Aspasie loves Agis!
But Agis hates Aspasie!
The uncles blinded Agis!
Oh! God! Help me!
For ever they will love each other
And neither Leontine
Either Hermocrates
Will rinder this loveAgis! Agis!
I need your kiss!
Where are you Aspasie?
My God! We can not, Agis!
Your father is the King Cleomeneand
he is my lord!
Corine, I avenged my lord
But now my heart is broken!
No Princess, don't cry!
Agis, you come back to me!
Yes, Princess Aspasie!
Cause I love you!!
I'm here to love you!
For ever!
Álvaro Ribeiro Domingues
(Assistindo o filme "The Triumph of Love", apresentado como peça teatral pela primeira vez em Paris, 1732)
Phocion is a disguise!
Truth and lie,
Above all love.
Princess Aspasie disguised herself
Because she loves Agis!
Aspasie loves Agis!
But Agis hates Aspasie!
The uncles blinded Agis!
Oh! God! Help me!
For ever they will love each other
And neither Leontine
Either Hermocrates
Will rinder this loveAgis! Agis!
I need your kiss!
Where are you Aspasie?
My God! We can not, Agis!
Your father is the King Cleomeneand
he is my lord!
Corine, I avenged my lord
But now my heart is broken!
No Princess, don't cry!
Agis, you come back to me!
Yes, Princess Aspasie!
Cause I love you!!
I'm here to love you!
For ever!
Álvaro Ribeiro Domingues
(Assistindo o filme "The Triumph of Love", apresentado como peça teatral pela primeira vez em Paris, 1732)
VOCE PAGOU
VOCE PAGOU
HOJE É TEMPO SEM NOME
É A HORA DA ESCRAVIDÃO...
GRITA NO PEITO UMA FOME
E ESSA FOME... DIZ:- NÃO!
EU SEI QUE NOS GABINETES
OS MANDANTES DA NAÇÃO
PERMANECEM INDIFERENTES
MANTENDO A ESCURIDÃO...
E NESSE DIA DE APERTO
NÃO QUERENDO DAR O TROCO
SE PROCURA ANDAR DIREITO,
MAS O DIREITO É TÃO POUCO!
EU NOTO AMARGO SORRISO
NO ROSTO DO CIDADÃO...
E VEJO O VELHO INDECISO
NA RUA ESTENDENDO A MÃO
QUAL SERÁ NOSSO FUTURO?
SE O PRESENTE É JÁ MORTO!
COMO ENCONTRAR NO ESCURO
A TRILHA QUE LEVA AO PORTO?
OH MEU POVO! MINHA GENTE
CHEGA DE TANTA ILUSÃO...
QUEM CALA TUDO CONSENTE
COMEÇE A DIZER UM NÃO!
UM NÃO A QUEM NOS DIRIGE
COMO GADO AO MATADOR...
UM NÃO A QUEM NOS AGRIDE
SEM PENSAR EM NOSSA DOR...
NOSSO VOTO É NOSSA ARMA
TEM PODER DE EXTERMINAR
O VIL ESQUEMA DESARMA...
BASTA SABER COMO USAR!
PENSE UM POUCO NO FUTURO;
- TEU VOTO, QUEM O COMPROU?
SÃO QUATRO ANOS NO ESCURO:
- É O PREÇO! E VOCE PAGOU...
GASTÃO FERREIRA/IGUAPE/2009
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