"O ÉBRIO"
Alto, magro, vestido em seu roupão cinzento,
o pobre ébrio lá vai, sózinho cambaleando,
tropeçando de um lado e, de outro, tropeçando,
rumo à venda, comprar o seu esquecimento.
-Por que bebes demais? - Um desmoronamento,
talvez, na sua vida...A dor, de quando em quando...
e, fleugmático, e só, como sonâmbulando,
segue. - Vê como vai! Quase o arrebenta o vento.
-Bebe, louco! - Embebeda a tua dor maldita!
-Sufoca o teu pesar! -Vinga, teus males, vinga!
-Teu pobre coração já não palpita...
E ele, triste, a cismar no vício que o enxorta,
como louco, revê, no seu copo de pinga,
mãos cruzadas ao peito, a sua noiva morta.
Rio, Outubro de 1934. MORA REGO
Fonte: O IGUAPE - Domingo, 02/12/1934 - Anno I - Num. 367.
(Acervo: Museu Mun. "Pedro Laragnoit" - Miracatu-SP)
"O AMOR"
Tem doçuras do ceu, tem tormentos do inferno;
E dando graça à vida, às vezes, a desgraça.
Um momento sofrido por sua causa - É eterno!
E seu eterno gozo - Num momento passa!
Feliz de quem o tem na paz do lar paterno,
Onde ele, sendo mais do que espuma ou fumaça,
Coloca em cada lábio o riso doce e terno,
Transformando-o num ceu cheio de vida e graça.
Faz da esposa-Maria, e do esposo-José!
Faz da alcova um presépio como o de Belém:
-Divino em sua modéstia e grande pela fé!
Faz do filhinho um Cristo!...Se não disse bem
Cantando assim o Amor - Perdão.
Só que Ele é um bálsamo que cura...
Mas, mata também.
Xiririca, 1924 - DOMINGOS BAUER
Fonte: O IGUAPE - 21/12/1924 - Anno I - Num. 17
(Acervo: Museu Mun. "Pedro Laragnoit" - Miracatu-SP)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário