Casinha Branca

As verdades de hoje
serão os contos inventados de amanhã.
Pode ser a voz que alguém murmurou em um ouvido apaixonado,
palavras de amor,
tentando encantar
e mostrar o mundo que era.
Na caminhada
apeguei-me no que via.
Segurei por entre as mãos
com tanta força que se juntaram a mim.
Carreguei comigo.
Na volta, as coisas não estavam mais lá
ou estavam tão modificadas
que somente quem as viu com tanta força,
as reconhecia.
Olhei por entre plantas,
por entre palavras
que gritavam no silêncio das árvores e no rumor do bambuzal
e lá estava o poço por onde ela,
de laços cor de rosa, escorregou.
Se contar ninguém acredita
Olhar triste que ia...ia...ia
a afogar-se na lembrança do que foi dito
Gotas de orvalho da madrugada tecem fios de teias de aranha
para capturar os frágeis raios de sol da manhãzinha
Bebi com uma grande golada.
Ainda os revi sentados no degrau da porta
trocando olhares de amor.
E na estrada, passavam, de tempos em tempos...
passos,
como fantasmas que não sabiam que seu tempo já havia ido pelo caminho,
e o medo do padre que havia sido enforcado nos eucaliptos da Fazenda Rosária
e aquelas palavras que eram ditas por todos e em todos os cantos.

Déco
São Paulo
26-04-2008

Nenhum comentário:

Postar um comentário