CANTAR A ECOLÓGICA SEMENTE

Fato de estarmos bem não significa
Que assim continuaremos calmamente
A cantar a ecológica semente,
Que resistente a tudo frutifica

Mesmo em condições de precariedade,
Que a tudo enfrenta e em tudo é vencedor
Amenizando sempre a nossa dor
Para assim manter a nossa vaidade

De estarmos no controle desta vida!
No entanto, o descontrole é tão imenso
Que faz aprofundar mais a ferida

Desta Terra vivente e adoecida.
É preciso rever valores! – Penso. –
Mas, de que adianta? Somos a prurida!

SP, 16 de agosto de 2009.
Osvaldo Matsuda

2 comentários:

  1. Querido amigo Matsuda, a semente do homem é a que mais frutifica e, paradoxalmente, a mais pruriginosa. O que é preciso rever é o número de seres (homens) que esta Terra vivente suporta. Parabéns pelo teu trabalho, gostei da mensagem. Há pouco alinhavava o poema "Arvoredo", ainda carente de costura, mas, ao ler "A Ecológica Semente", percebi interesses ecológicos comuns em ambos os trabalhos. Dedico-te, pois, o poema "Arvoredo" e ao Vale do Ribeira, que muito me prestigia. Um abraço do amigo Danúbio Fialho, de Porto Alegre/RS.

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  2. Poema dedicado ao amigo Matsuda e ao Vale do Ribeira.

    ARVOREDO
    Danubio Fialho (Porto Alegre/RS)

    No sótão,
    O baú permanecia fechado
    Guardando estrelas que não mais luziam.
    Enquanto isso, o almoço estava na mesa,
    Sem aquele vaso de flores
    Colorindo vozes.

    No fundo do mar,
    A areia se movia
    Com a passagem rápida
    De um pássaro marinho.

    Subindo a escada,
    A menina buscava sua boneca
    Em meio a vozes indiferentes.
    Abrira-se o baú.
    Ninguém por perto.
    E a menina chorava
    Enquanto a sobremesa
    Era servida.

    Tombava o pássaro e
    Esvaziava-se o mar.

    Na cozinha,
    O barulho das louças.

    Na escuridão de um quarto,
    No fundo do mar,
    Entre estrelas marinhas
    A boneca ninava a menina
    Que sonhava:
    A natureza era uma grande família.
    Quem chorou pelo mar-morto?
    Ele próprio.
    É a maior lágrima
    De que se tem notícia.

    Nem flores, nem pássaros,
    Nem céu, nem azul,
    A ecologia desabrocha
    Entre os lábios da moda.
    .
    O mar secou.
    Ninguém chorou.

    Fui vê-lo;
    Inda respira.
    Encontrei apenas o sol, compadecido,
    Tentando a eutanásia.

    Lenta agonia.

    E o que foi feito
    De todos aqueles amores,
    Séculos após séculos,
    E de todas as lágrimas vertidas?

    Hoje, nada importa,
    Como amanhã,
    Hoje, nada importará.

    Nem nuvens, ou luzes,
    Somente a noite,
    Somente tu,
    Somente eu.

    Somente nós,
    Nem lua, nem céu,
    Nem dor, nem lágrimas,
    Ou vozes,
    Apenas um instante.

    Somente tu,
    Somente nós
    A correr - nus,
    A socorrer - nus,
    A abraçar-nos.


    Sem mantos,
    Como sereias,
    Sem velas,
    Sem sorteios,
    Mas com sorte.

    No peito um coração,
    Na boca um esboço,
    Na mente
    Um arvoredo
    E, nos sonhos da menina
    Aquele mar,
    Que um dia,
    Poderá saciar a sua sede
    Em outro mar
    E ser rebatizado:
    “O Ressurrecto”.

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