Resgate de Poesias - 4

Stoicismo

Na ternura sem fim desta cantiga
De ao passado voltar me desiludo.
Não tenho mais aquella crença antiga,
E até meu verso já não exprime tudo.

Qual profeta de olhar sereno e mudo,
Abençoando o mal que lhe castiga,
Quero bem ao soffrer -meu suave escudo,
Quero ainda mais esta paixão amiga.

E abro os braços ao céu, desalentado,
Na extrema exhortação de um bem amado,
Na última prece da agonia extrema.

E lá no céu, por milagre santo,
Todos os astros se desatam em prantos,
Sagrando em luz a minha fé suprema.

ADOLPHO TOURINHO

Fonte: Jornal "O IGUAPE" - Iguape-Domingo, 08 de outubro de 1933.
Anno X - Num. 341

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