Feliz Ano Novo!

Desejo...

Dar vivas às pessoas dum novo ano, lembrando que não desejamos um ano melhor apenas nos aspectos sócio-econômicos: nesses, dia-após-dia, estamos fazendo o melhor. Celebrar com os sentidos voltados a extrair o melhor nas atitudes e, levantando as bandeiras da justiça e do humanismo, levar a esperança nascida desta ocasião a todos os dias do novo ano. Com coragem e espírito jovial, criar um ano de esperanças, pela vida!

Desejo...
Continuar a encontrar com os amigos e apreciar uma saudável conversa, na qual ambos saiamos renovados em nossas determinações; e nos livros e informativos, - amigos de todas as horas -, conhecer e reconhecer bons autores, ampliando a tão amada vivência literária. Colhendo então o máximo de informações, o próximo dia será ainda melhor. Um ano de conhecimento que alimente a convicção para a vitória total como ser humano.

Desejo...
Que o Património Histórico e Cultural da querida Iguape possa manter-se de pé por mais um ano, ainda que refém dos maus tratos. E então, enquanto ocorre o caminhar, eu não consiga dizer "Aqui havia um prédio de 1853 e foi demolido...", pelo menos nesse próximo ano! Duma trégua do entre-guerras e pelo campo devastado, nesse ano não desejo ver mais dilapidações da História ocorrerem em nossa arquitetura. Um ano de trégua aos Casarios, em nome da Arquitetura e pela Humanidade, do que ainda delas nos resta!

Desejo...
Que aquele menino que chegou aos dezesseis anos e só encontrou violência, aproxime-se dos bons amigos e afaste-se das drogas. Ele sabe que o caminho sempre está no mesmo local; nós é que nos afastamos dele. No espaço onde seus pais respiram - e que a ele sufoca -, ainda há belas condições para todos tornarem-se felizes. Cada um tem uma estrela própria e precisamos deixar que todas brilhem... Sem distinção de credo, cor, raça, ou qualquer outra característica individual. A cor diferente daquela flor a torna mais bela e valoriza todo o jardim. Um ano de reconciliações em nome da convivência harmônica com todas as pessoas.

Desejo...
Que as expectativas dos empresários em gerar lucros sejam aprimoradas pela alegria daqueles que são e também dos que tornar-se-ão seus empregados. E, em laços solidários, as teias das relações econômicas possam produzir um ciclo ascendente de produção num desenvolvimento auto sustentável. Um ano de prosperidade econômica que torne-se a base de um novo ciclo, em nome da empregabilidade dos nossos jovens.

Desejo...
Que as gaivotas continuem alimentando-se no canal do Mar Pequeno, os Quero-Queros continuem a habitar nossas restingas, em nossos manguezais milhares de carangueijos e outros seres sobrevivam. Enfim, que o meio-ambiente mantenha-se presevado, considerando que fazemos parte dele. Um ano onde a máxima do nosso ambiente não seja nem meio, nem fim. nem começo, mas seja inteiro. Inteiramente vivo e desperto, um ano onde compreendamos que também somos o ambiente.

Desejo...
Que todos possamos acordar renovados no início de cada dia; e em cada abrir dos nossos olhos, esqueçamos que algo não deu certo ontem. O Hoje está ocorrendo Agora; o Ontem, já passou e o Amanhã, eu desejo...

Assim - e afinal -, eu desejo...

Que cada um de nós possa construir a verdadeira felicidade individual, e que ela seja colaboradora direta ou ao menos inspiradora para a felicidade de outros.

Desejo...
De olhos bem abertos...
Que todos tenhamos um maravilhoso novo ano!

UM AGRADECIMENTO

O que me alegra,
É o que eu fiz ontem,
E ainda me lembro hoje,
Certo que estava certo,
Sem porque arrepender...

O que me alegra,
É que eu sei com certeza,
Que eram belas as estrelas,
Que brilharam esta noite,
Antes que o sol nasceu...

Ah! Que lindo céu é este!
Que posso ver brilhar,
Meu mar azul,
Minha verde mata,
Meu olhar,
Meu rosto no espelho...

Lan House, Net,
Enquanto ouço Zé,
kitaro, Batucajé,
Entre outros tantos,
Entre outros cantos,
Com os cantos dos pássaros...

Quero sorrir o que fui
Chorar o que eu não soube,
Lutar o que posso saber,
Para viver hoje,
Melhor que ontem,
Amanhã melhor que hoje...

Mesmo que meu violão
E minha voz te entristeça,
Quero estar feliz no meu quadrado,
E rir de quem ri sem porquê,
Porque estar feliz importa,
O que me alegra!!!

Enfim,
Estou simplesmente grato,
Por poder ver a morena tropicana,
Passar descalça na grama,
Sem nem me olhar...

Grato por ouvir
Ainda que seja besteira,
Numa tarde de verão
Desfalecer meu tédio iminente,
Com a melodia que seja
Celine Dion, Batucajé...

Sem esquecer
O bom sabor do sudeste,
O feijão preto carioca,
O tutu com torresmo mineiro,
O acarajé da baiana sorridente,
O arroz da Jura...

Eu quero dizer mesmo,
Que Agradeço a Deus,
Pelo cheiro das matas,
Pelo carinho do vento...
Pelos sentidos,
Que me permitem escolher,
Se quero sorrir ou chorar amanhã,
O que posso fazer ou não fazer hoje!!!

Foi pensando nisso,
Que resolvi escrever esse poema!!!

Autor:
Lazaro Nascimento

CRISTALIZAR CORES

PARA O MESTRE OSVALDO MATSUDA

COMPLETAR O ESPAÇO QUE ME FALTA
E FALTAR COM AS HASTES QUE ME VAZAM
ME CURVAREI SOB OS PÉS COM LÁPIS-DE-COR
QUE FRENETICAMENTE SERÃO ESTRELAS,
E ASSIM CAIRÃO SOBRE ELES
OUSAREI RESTAURAR O CINTILAR DESSES OLHARES
E AQUARELECIDO ESTARÁS TUDO ONDE POUSARES,
INIBIR TODO O FOSCO,
OPACO TRAREI A TONA ENTRE REFLEXOS MÚLTIPLOS
COLORAÇÕES FOSFORESCENTES,
EXPLODINDO DE TODO ÍNTIMO INCANDESCENTE.
E SOBRE TODA A FACE PRANTOS PIGMENTADOS
DE CORE ENTRE CORES, E AOS QUE ENCLAUSURAREM AS CORES SOBRE UMA TELA
E AS LIMITAR ENTRE MOLDURAS E REDOMAS DE VIDROS
DEIXANDO-AS PRISIONEIRAS,
"REPRISAS" ETERNAS,
ALMEJANDO SEREM ARREMESSADAS AO INFINITO RUBRO
PAIRANDO DESFORMES SOBRE O HORIZONTE,
TAL QUAL ESPECTROS DESGOVERNADOS.
LANÇAM CORES E MAIS CORES
INDENINDO A ÓTICA PERMANENTE
E O DESESPERO PESANDO SOBRE MIM
AO EXACERBADO BANHO DE CORES
INFINITAMENTE DESCONHECIDAS AOS OLHOS MEUS!
AGORA, APÓS O CONFRONTE ENTRE CHUVA E SOL
MILHÕES DE ARCO-ÍRIS ROMPEM SUAS BASES E COLOREM O CÉU
DEPOIS EM MOVIMENTOS CHOCAM-SE EM EXPLOSÕES
SOBRE UM MANTO FRIO, APATECIDO
E DA TEMPESTADE CHOVIAM PÉTALAS
CRISTALIZADAS EM INFINITAS CORES.


RENATO RODRIGUES CAVAHEIRO E JULIO CESAR COSTA -1994

fragmento de "Profecia do Amanhã"

A ansiosa espera,
Pela obediência à lei da Altura,
Que devolverá o estado de ser tudo,
O que não é nada,
Mas que fulgurou quando não havia noite,
Com um eterno brilho,
Que se fragmentou
Nos espaços finitos e infinitos.

A ciência da paz,
Será a ciência dos que tem coração,
E dos que não tem coração,
Pois, um jato de onisciência
Banhará todas as coisas,
Quando todas as coisas despirem-se
Da dura couraça da ignorância.
Os lhamas
Serão como sóis sem calor e sem forma,
Iluminando naturalmente,
Como essências,
As cidades da sabedoria,
Cujas fortalezas adormecem
O sono da transformação,
Quando serão os cenários
De um progresso sem dor e sem ódio.

Autor: Lazaro Nascimento
Fragmento do livro "Profecia do Amanhã"

QUEM RI, CHORA

A sorte aparece
Com cara de azar a sorte
De ficar para traz
De um possível raio de sol...

Possível fulgor
Que deveras se acredita
Desacreditando em mente
Que já possui um dono...

Então os que fazem parte
Partem o próprio coração
Na incerteza que há o ser leal
Desfeito na sombria tristeza...

Por trás da incansável luta
O guerreiro ergue sua cimitarra,
E foge, por que perdeu
Sendo um vencedor...

E quem ri, chora,
A dor de agora,
Deserto da dor da luta,
Certo de saber seus companheiros.

O ELEFANTE QUE QUERIA VOAR



O elefante queria voar
Não se contentava
No chão a pisar

Ele imaginava o azul do céu
Feliz como a pipa
De linha e papel

Ele fez um trato
Com o velho urubu
-Me empreste suas asas
Vou voar para sul
Pois a partir de hoje
Eu vou te deixar
Toda minha força
Pra você usar.

Num passe de mágica
Ele conseguiu
Duas enormes asas
E no céu sumiu

Mas deixou na selva
O velho urubu
Que vivia quieto
Sempre jururu

Mas ganhou uma força
Nem sabia usar
Obrigou os bichos
Todos a dançar

Foi uma alegria
Uma confusão
Só que viver de festa
Não dá certo não!

Pois aquela festa
Não queria parar
Todos enjoaram
De tanto cantar
Mas o urubu
Pos-se a gritar
- Só se para a festa
Quando eu mandar

Pois eu sou mais forte
Sou o valentão
Meia tonelada
Seguro na mão.

Foi ficando chato
O que era bom
Ninguém agüentava
aquele mesmo som.

E a bichara começou a gritar
O nome do elefante
Só pra ele voltar

E o elefante tava entediado
Já voara o céu
De todo quanto é lado.

Estava com saudade
De seus pés no chão
Ainda mais, ter asas
Era um trabalhão.


JULIO CESAR COSTA
DA FUTURA PUBLICAÇÃO
INFANTIL " NO BALANÇO DA MARÉ"

Bhaskara

Ouvia-se ao longe os ossos se partindo
entre as presas.
Aquele cheiro preso ao escuro
sete palmos de línguas sobre toda a terra
varrendo assolações,
varrendo monturos em sete partes,
onde só o mais forte sobrevive,
quando a carne se ajoelha para adormecer,
sobre o líquido das sombras expulgadas.
Então,esta voz negativa é a que vem
lenhar nas queimadas arrastando-se
ao alto, buscando as origens,
buscando repouso de seus crimes ácidos,
e a qual jáz vencida
busca pastagem sobre a vermelhidão.
Os olhares defumados,
encortiçados sobre os ventos de anomalia
em seus momentos píscicos em busca da força mosca
quando o interruptor lucidez
não responde mais aos estímulos.
Em uma exatidão se faz,
quando surge em si, cavernas em convulsões siderais,
esmurrando e comprimindo:
Hora de caçar para comer!
Corpos em deformações metrópoles
fuzilados de fúrias rompantes
quando amanhecer sobre a insuficiência.
O alimento X

Renato Cavalheiro
27/11/06

Oráculo

Um ângulo da luz
contacto superficial
partículas de fugas em êxtase
se fundem em seus elementos únicos
não existem caminhos para a noite, que voltem.
Foram atados os molhos
de rostos em dias detritados,
mascados, decepados das raças
nos umbrais da escuridão.
A cúpula de coliformes em cápsulas
em natura matriguais.
Contato de oceanos em chamas
dos arremessados de abalos sísmicos noturnos.
Os habitantes selvagens tigres de fogo
em lágrimas de vidas de vidros.
Eras negras dos Xamãs em alfa.
O fundo frio da taça étnica atrás
das paredes humanas.
Velozes esfínges em fúrias vertes de
incompreensão da vida.
Um só diamante.
Um sol de amantes.
O centro muscular do ódio de cabeças
incandescidas em olivas da proliferação
das chagas genocidas.
Asas vivas da mutação linguística.
À frente, os calados que vão entre nós.
Que vão em trenós.
Vozes devoradas dos queimados
em habitações de soluços dos jazigos Euroasiáticos.

Renato Cavalheiro
19-09-06


barulho de carro

João Goulart
antes do golpe de 64
condecorou
Che Guevara
e Mané Garrincha.
Os três, mataram.
o importante é a amizade
nóis critica nossos irmão, nossos amigo
mas tamo com eles até o fim
família é assim.
dentro de um mesmo pensamento ético

déco
05/12/2009

a queimada

a queimada não é assassina
a queimada era assassina
a queimada era assassina
quando ela sorrateiramente
todo ano
ia diminuindo
aquele bolinho de mato
dum jeito que quem passava depressa nem percebia
mas pra quem morava por entre as árvores
cada folha que caía
era um olhar que entrava
por dentro de sua casa
até virar a avenida
a queimada era assassina
a queimada não é assassina

déco
sete barras 05-12-2009

a árvore

a árvore de trás do riachinho
é árvore mãe
Pai ou Mãe?
com suas sementes seguem a herança
o vento pára. um estorpor a solta.
sementes carregam sinas
a árvore distribui sementes ao seu redor
logo após a queimada
assassina

Araraquara 08-1999

déco (do livro "Vento Caminhador")

o recado (um dia lá em casa, o Nestor estava vendo o cadernão de poesias: Gostei desta poesia.Fui ver. Era o recado que tinha acabado de virar poesia)

TIVE QUE SAIR
TÁ CRU
COLOCA MAIS
ÁGUA
E PÕE PRÁ
COZINHAR

déco

(do livro "Vento Caminhador)

Vale das belezas

Um camarada já disse
Uma idéia adimirável
O vale é uma fonte
de inspiração inesgotável
Planta, bicho, rio e lago
De beleza incomparável

O lugar de onde eu cito
É o Vale do Ribeira
Que é no estado de São Paulo
Uma terra brasileira
Coberto por Mata Atlântica
E também por bananeira

Mas minha intenção aqui hoje
Não é retratar os problemas`
É citar das coisas boas
Falar que aqui tem beleza
Que falar que é fim de mundo
É uma grande besteira

Em nome de bicho e planta
Não sou especialista
Mas logo que o conheço
Na cabeça vem a rima
Lembrei logo da Helicônia
Vejam só que coisa linda

A rima que eu escrevo
Lhe digo qual é que é
É feita para criança,
Idoso, homem, mulher
Lá no pé da bananeira
Quem tá cantando é o Tié

Uma árvore esbelta
que tem de nome Angico
Possui folhas pequenas
Mas pra mim é grande amigo
Purificando o ar
E na sombra dando abrigo

Bromélias, Ipês, Palmitos,
Orquídeas, Guapuruvus,
No alto daquela árvore
Quem tá cantando é o Jacú
E correndo no mato adentro
O nome dele é Teiú

Tô vendo uma samambaia
Ali do outro lado
Tucano de Bico Verde
E o Cachorro do Mato
São nome de animais
Que estão ameaçados

O Palmito Juçara
Típico da região
Uma planta tão bonita
Boa pra alimentação
Símbolo da Mata Atlântica
Ameaçado de extinção

Um dia de inspiração
Na cabeça do poeta
É fácil se inspirar
vendo essas coisas tão belas
Ajudem a preservar
O que hoje ainda resta.

Míticas estrelas

Míticas são todas as estrelas do céu,
Mas só assim podemos tocá-las!

(SP, 1/12/2009)