“HISTÓRIAS DO FUTEBOL REGIONAL” - Nº 02
Com o surgimento e desenvolvimento do “Football”, nas cidades e vilas do médio e baixo Ribeira, o transporte fluvial era muito utilizado para os eventos esportivos, principalmente naquelas que não eram servidas pelas linhas de Trem. Formavam-se caravanas de futebolistas e, dependendo das distâncias, demoravam dias para chegarem e retornarem dos locais das disputas. Um pouco desse passado é relatado pela imprensa local nos jornais da época, retratando uma viagem de Iguape a Pedro de Toledo.
Em outubro de 1927, em Alecrim (Hoje, Pedro de Toledo), o Brasil Futebol Clube (tido como campeão na linha Juquiá) presidido pelo Sr. João Saltini e o Diretor Esportivo Dionísio Bittencourt, convidara a Associação Atlética Iguapense para um jogo em que estava em disputa, taças oferecidas pelo Major Antonio Laborde com os dizeres: “Honra a Iguape e Honra ao Alecrim”.
Pela manhã do dia 22 de outubro, deu-se o início da viagem da comitiva iguapense, que foi realizada no fluvial “Juquiá”, chegando ao Porto de Santo Antonio do Juquiá às 10:00 h. Embarcam no Trem e seguindo viagem, por onde passavam, havia grande concentração de pessoas nas estações de Juquiá, Prainha e Pedro Barros para assistir ao jogo.Chegando a Alecrim , foram recebidos pela diretoria do Clube local.
A caravana da Associação Atlética Iguapense era composta por: Antonio Santiago (capitão), Onésio França, Sizenando Carvalho, Eduardo Young Filho, Raul Rios, Américo Amâncio, Lauro Gatto, Antonio Procópio, Dacio Carvalho, Paulo Ramos e Agostinho Camargo, tendo como diretor o Capitão Fioramante Giglio.e os Srs. João Bonifácio, F. Giglio Júnior, Júlio de Souza e João Maciel.
A equipe do Alecrim era composta de jogadores renomados que pertenceram a diversos clubes de São Paulo e interior, como: Leró (zagueiro do Caçapava), Nhonho (do Comercial de Ribeirão Preto), Moutinho Monteiro, antigo jogador do C.A. Paulistano da capital, Antonio Seabra, de S.Paulo, Macuco, Guido e Alberico de Itariri, sendo apenas três jogadores de Alecrim.
O jogo foi realizado no dia 23 e terminou empatado em 1 x 1, com gols de: Moutinho de penalty para o Alecrim e Onésio para Associação Atlética Iguapense. Após o jogo realizou-se um baile no Salão do Sr. Albano Marietto. O retorno dos iguapenses ocorreu no dia 24 à tarde. Chegando a Santo Antonio do Juquiá, se hospedaram no Hotel M.Doi, onde foi servido um profuso copo de cerveja pelo Sr. Lupércio Ribeiro, conferente da Estrada de Ferro.
O regresso pelo rio se deu pelas 05:00 h. da manhã do dia 25. Chegando a Iguape, foram recebidos pela comunidade com vivas, foguetório e banda de música.
Demorava praticamente 04 dias para de deslocar de uma cidade a outra. Não se compara a realidade de hoje com a expansão das rodovias e o advento dos veículos automotores. Fica o exemplo de dedicação e amor ao esporte das multidões.
Miracatu, 18 de março de 2009.
Fonte: Jornal “O IGUAPE”, 30 de outubro de 1927 - ANO IV - NUM. 138 - (Acervo: Museu Municipal de Miracatu “Pedro Laragnoit”).
Pesquisa: Laerte de Camargo Araújo.
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