Noite sem nexo

Palavras soltas,
sentido quase sem nexo,
e o homem que podia ter sido,
nas águas foi molhado.
Cabelos, pele ardente que contrastava.
Tudo se foi
na noite caminhando,
e nos pingos que caíam
surgia a imagem embaçada
mascada, desfigurada, indefinida.
daquele rosto longo, daqueles dedos finos
daqueles cabelos lisos
daquela mulher inesquecivelmente esquecida
que tinha nos lábios ainda o perfume do batom
um odor de cigarros, lábios que beijavam ardentes
indiferentes, deprimentes...

do livro "Vento Caminhador"
Deco/ Matsuda
Miracatu - madrugada 14-15/02/94

Nenhum comentário:

Postar um comentário