PIXAÇÂO (Revolução Simbólica Popular)

morador da praça da Sé pede Ataulfo Alves
canaviais à vista
sono
barulho de vento
na verdade eu queria dar um grande beijo nela
não sente falta
bichos
barulho
os de hoje
o zama binlá
batráquios
se arrependimento matasse
a sorte
a tarde
outra tarde
mais outra
assim iam, uma boiada, em fila, uma atrás da outra
até que veio a noite
queria estar naquela noite
vaga lumes
luares
além de tudo, ela
e o sereno da madrugada
se não fosse o tempo
aaaêaaaêÊaaaêaaaêÊaaaêaaaêÊaaaêaaaêÊÊ
vários círculos dentro deoutros maiores círculos
dentro deoutros menores círculos
o entardecer
Oi..., tudo bem? Ta ali, ta?
Nascimento
Aquela cor
E o sopro do vento
O canto dos pássaros
A pele sentindo aquele sereno vindo
Se pudesse escolheria tudo o que é de bom
calçada contra inundação em cidade grande
as tristezas...uma obrigação
latifúndio
ganância
andante, a não escolha
aglomeração
a cidade é a ponta do não-campo, do não-sítio,
da não-roça, do não-mato
a razão do urbano é a realidade do latifúndio
o latifúndio da cana mata mais do que 10...10 São Paulo
casa para quem não tem casa
lugar para plantar para quem não tem lugar para plantar
a fala de dentro
ouvi um tiro
outros mais
às vezes ser pobre funciona como uma couraça.
Seria melhor se não fosse assim
COHAB
MORUMBIZINHO
miscigenação
nordestino
Biko e Luter King
petróleo
água e seca
empurrando com a barriga
a enchente natural traz o saguarú que alimenta muita gente
fertilização natural de terras pobres
Miracatu, levando as lembranças pela caminhada
casas ecológicas
está vindo uma revolução espiritual
pra todo aquele que pedir será estendida a mão
estrada de terra deixa a água entrar no chão com mais facilidade
calçada contra inundação em cidade grande
flores para meu amor
reforma agrária
“pensamento filosófico, conhecimento científico
e percepção estética” Jão e atitude caminhada
todos unidos no espírito
Rap’ ente

déco
(para o livro Vento Caminhador)
( São Paulo, 2003)

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