Francisca Júlia, na maturidade.
A nossa poetisa Francisca Júlia, quando da estréia de seu livro "Mármores" (1895) mereceu elogios dos grandes poetas e escritores da época. Entre os quais, o "Bruxo do Cosme Velho", sim, ele mesmo, Machado de Assis, que escreveu, em sua crônica do dia 14 de julho de 1895, publicada em "A Semana", do Rio de Janeiro, então uma das mais prestigiadas revistas brasileiras, as seguintes linhas:
“Entre parêntesis, uma patrícia nossa que não perdeu nenhum dos seus belos olhos de vinte e um anos, mostrou agora mesmo que se podem compor versos, sem quebra da beleza pessoal. Não é a primeira, decerto. A Marquesa de Alorna já tinha provado a mesma cousa. A Sevigné, se não compôs versos, fez cousas que os merecem, e era bonita e mãe. Não cito outras, nem George Sand, que era bela, nem George Eliot, que era feia. Francisca Júlia da Silva, a patrícia nossa, se é certo o que nos conta João Ribeiro, no excelente prefácio dos Mármores, já escrevia versos aos quatorze anos. Bem podia dizer, pelo estilo de Bernardim: “Menina e moça me levaram da casa de meus pais para longes terras”... Essas terras são as da pura mitologia, as de Vênus talhada em mármore, as terras dos castelos medievais, para cantar diante deles e delas impassivamente. “Musa Impassível”, que é o título do último soneto do livro, melhor que tudo pinta esta moça insensível e fria. Essa impassibilidade será a própria natureza da poetisa, ou uma impressão literária? Eis o que nos dirá aos vinte e cinco anos ou aos trinta. Não nos sairá jamais uma das choramingas de outro tempo; mas aquele soneto da p. 74, em que “a alma vive e a dor exulta, ambas unidas”, mostra que há nela uma corda de simpatia e outra de filosofia.”
(in “A Semana, 14-7-1895).
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