DIAS DE POBREZA – O PARQUINHO
A cidade estava em festa. Semoventes de todas as longitudes desfilavam por suas vetustas calçadas. Até mesmo indianas confundidas com irmãs de Madre Teresa de Calcutá, marcavam presença.
A rainha regente, em reunião rotineira resolveu reafirmar a realeza. A repercussão retumbou rapidamente em receoso rebuliço. O ex rei raposa, remoeu o ressentimento. Recém resignado, reprovou roxo de raiva a régia remodelação. E, reivindicou reintegrar o reino, reconquistar a região, repelir o regime reinante numa reviravolta roaz. Ridículo! A rejeição pela retrograda roubalheira no reduto ainda rende rusgas ríspidas. A ralé radiante, não reabilitou o recaído, que em seu rico recanto ri dos rotos e rasgados. A rebordosa reacionária recorda a recepção risível, a remoer remoques em resposta ao retornar após retumbante retirada. O redil reconsidera regalar o ex rei relapso, com reservas, ressalvas e recusas.
Todas essas palavras e frases com a letra “erre” são para dizer que a rainha alugou um parquinho de diversão, nessa fictícia cidade, e pos a corte para trabalhar. Teve choro e ranger de dentes. O povão quando soube da novidade correu a conferir. E não é que era verdade verdadeira!
Os lordes e altas damas tiveram seus dias de pobreza. Desacostumados que estavam com o exercício da humildade, gentileza e convívio com o populacho. Foi chilique sobre chilique. Na bilheteria uma boadame que adora olhar o mundinho por cima dos óculos, esquecida de seu passado pobre, a cada ingresso vendido fazia beição e murmurava com seus cabelos desgrenhados: – Eu me vingo! Eu me vingo. Outra disfarçava com um véu árabe a diáfana face, temerosas de que as bactérias do Zé povinho invadissem suas sensíveis narinas.
Uma nobre teve que descer dos saltos, e calçar as sandálias da humildade perante as educadas crianças que teimavam em chamá-la de tia: – tia é a irmã de seu pai! Seu pezinho de chinelo rosnava a dondoca. Outro nobre, ferido profundamente em seu orgulho, passava o tempo olhando para cima, com o nariz empinado, a fim de não ser reconhecido pela ralé, ou, talvez estivesse apenas cumprindo com suas obrigações, pois era o responsável pelas aeronaves.
O fechamento do parque era o momento mais aguardado. As madamas sem maquiagem, despenteadas, só meio salto, caidaças e fulas da vida, davam vazão ao ressentimento: – foi a praga do rei deposto! Quantas mãos precisei beijar e quantas macumbas rolaram para conseguir esse cargo! Eu sou uma dama! Uma madama! Ouviram?
O parquinho fez o maior sucesso. O dinheiro arrecadado servirá para beneficiar os munícipes e mostrar a população, já esquecida, que funcionário público é servidor do povo, que um dia de pobreza pode ser encarado como algo útil e que trabalhar honestamente não tira pedaço de ninguém. Que conviver é compartilhar, e que todos nós, nobres e plebeus somos compostos do mesmo tecido de que são criados os sonhos e os pesadelos.
GASTÃO FERREIRA
gastaoiguape@yahoo.com.br
A cidade estava em festa. Semoventes de todas as longitudes desfilavam por suas vetustas calçadas. Até mesmo indianas confundidas com irmãs de Madre Teresa de Calcutá, marcavam presença.
A rainha regente, em reunião rotineira resolveu reafirmar a realeza. A repercussão retumbou rapidamente em receoso rebuliço. O ex rei raposa, remoeu o ressentimento. Recém resignado, reprovou roxo de raiva a régia remodelação. E, reivindicou reintegrar o reino, reconquistar a região, repelir o regime reinante numa reviravolta roaz. Ridículo! A rejeição pela retrograda roubalheira no reduto ainda rende rusgas ríspidas. A ralé radiante, não reabilitou o recaído, que em seu rico recanto ri dos rotos e rasgados. A rebordosa reacionária recorda a recepção risível, a remoer remoques em resposta ao retornar após retumbante retirada. O redil reconsidera regalar o ex rei relapso, com reservas, ressalvas e recusas.
Todas essas palavras e frases com a letra “erre” são para dizer que a rainha alugou um parquinho de diversão, nessa fictícia cidade, e pos a corte para trabalhar. Teve choro e ranger de dentes. O povão quando soube da novidade correu a conferir. E não é que era verdade verdadeira!
Os lordes e altas damas tiveram seus dias de pobreza. Desacostumados que estavam com o exercício da humildade, gentileza e convívio com o populacho. Foi chilique sobre chilique. Na bilheteria uma boadame que adora olhar o mundinho por cima dos óculos, esquecida de seu passado pobre, a cada ingresso vendido fazia beição e murmurava com seus cabelos desgrenhados: – Eu me vingo! Eu me vingo. Outra disfarçava com um véu árabe a diáfana face, temerosas de que as bactérias do Zé povinho invadissem suas sensíveis narinas.
Uma nobre teve que descer dos saltos, e calçar as sandálias da humildade perante as educadas crianças que teimavam em chamá-la de tia: – tia é a irmã de seu pai! Seu pezinho de chinelo rosnava a dondoca. Outro nobre, ferido profundamente em seu orgulho, passava o tempo olhando para cima, com o nariz empinado, a fim de não ser reconhecido pela ralé, ou, talvez estivesse apenas cumprindo com suas obrigações, pois era o responsável pelas aeronaves.
O fechamento do parque era o momento mais aguardado. As madamas sem maquiagem, despenteadas, só meio salto, caidaças e fulas da vida, davam vazão ao ressentimento: – foi a praga do rei deposto! Quantas mãos precisei beijar e quantas macumbas rolaram para conseguir esse cargo! Eu sou uma dama! Uma madama! Ouviram?
O parquinho fez o maior sucesso. O dinheiro arrecadado servirá para beneficiar os munícipes e mostrar a população, já esquecida, que funcionário público é servidor do povo, que um dia de pobreza pode ser encarado como algo útil e que trabalhar honestamente não tira pedaço de ninguém. Que conviver é compartilhar, e que todos nós, nobres e plebeus somos compostos do mesmo tecido de que são criados os sonhos e os pesadelos.
GASTÃO FERREIRA
gastaoiguape@yahoo.com.br
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