Arte ao extremo

Arte ao extremo
Como se as unhas de Fred Gruguer
Atravessasse a tela do cinema
Como se o som reverberasse
A ponto de estourar os vidros da janela
Como se Romeu de tanto amor
Quisesse fugir de cena querendo-a de verdade
Como se o dançarino falasse com o rosto
Toda a emoção que a alma quisesse
Como se no circo a platéia morresse
De tanta gargalhada do palhaço alegre
Como se a tela fosse pintada às escuras
Por um louco com os olhos vendados
Como se as palavras surgissem impensadas
Manipuladas por mãos descontroladas
Como se o saxifonista esquecesse todas as notas
E tocasse deitado achando não ser notado
Como se o maestro impulsionado por dentro
Movesse as mãos despreocupadas com o resultado
Como se os objetos empoeirados do museu
Saíssem correndo cansados de não ser mais usados
Como se o baile acontecesse na chuva
Ficando apenas casais apaixonados
Como se o poeta perdesse a noção do tempo
E per-des-se a no-ção da ri-ma
Porque extasiado
Pensamentos
não lhe saem
mais
da
cabeça
Arte ao extremo
Somente ao extremo

Marcelo Plácido

Nenhum comentário:

Postar um comentário