Olho para dentro de mim
Como o astrônomo que volta
A luneta para o céu
Na busca de sua estrela-guia.
Sinto inveja do astrônomo
Pois sempre encontra
O astro que procura.
Quanto a mim
Não consigo encontrar
A minha estrela interior.
Por mais que procure
No céu de meu íntimo
Não encontro ao menos
Uma estrela-anã
Ou um grão infinitesimal
De poeira cósmica.
Meu universo interior
É como uma supernova,
Uma estrela que explodiu
E que, apesar de irradiar intensa luz,
Nada mais possui dentro de si.
Meu ser todo implodiu,
Tal como um buraco negro,
Que absorve toda a luz.
Da mesma forma
Absorvo a luz dos que passam por mim
E me escureço,
Nada irradio de volta,
Guardo o fulgor para mim
Na esperança de um dia conseguir iluminar
A Via Láctea de minha existência.
Miracatu, 18/3/1994
(Por Roberto Fortes, poeta sem estro, mas poeta).
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