O mar amanheceu agitado...
Furioso, ele espuma sua ira
Ao pescador que o admira
Tão temente, pobre coitado.
As ondas se quebram nos barrancos
Onde crescem palmeiras gigantes,
Que, plantadas na areia causticante,
Confundem-se com os cômoros brancos.
Os vagalhões que à praia vêm chegando,
Insinuando-se entre os penhascos escarposos,
Assumem grande violência, são perigosos.
Da praia indefesa vão se apoderando.
O pescador, absorto, contempla o mar...
Tem-no por um deus protetor.
O mar é seu amo, é seu senhor,
É no mar que ele vai pescar.
Lá longe, lá bem distante, no alto mar,
Vaga uma canoa errante, sem rumo.
Sua proa, destroçada, sem prumo,
Está avariada – ela vai afundar.
A força incontida dos elementos
Apodera-se dos pobres pescadores,
Que, assustados, cheios de pavores,
Suportam os mais terríveis tormentos.
A borrasca destrói tudo pela frente.
Ela é medonha, ninguém a repele.
Os esguichos ferventes, que o mar expele,
Cegam-lhes os olhos, turvam-lhes a mente.
Na praia, o pescador apenas admira
A ação destruidora do mar furioso.
Pois ele sabe que Deus, sempre poderoso,
Dá-nos a vida, mas também a tira.
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