RIO RIBEIRA DE IGUAPE

O rio empurra as águas barrentas,
Que as margens invadem e tudo alagam.
Troncos disformes, o rio em torvelinho,
O espirrar da água, que vibra e vive,
O saltar dos peixes que deslizam na correnteza,
O rio cortando barras, descendo aclives abruptos,
Serpenteando em um sem fim de voltas sinuosas.

Surgindo detrás da neblina da manhã,
Eis que toma vulto o gigante pleno de vida.
Envolvido pela aurora resplendente,
(Ainda gotejada do orvalho que veste as árvores
E que refresca toda a mata abundante)
Eis o Ribeira que surge e se impõe,
Dominando o cenário primitivo, secular,
Vencendo tudo o que lhe impeça o trajeto
Na ânsia louca de abraçar o oceano desejado.

Suas águas, antes tão turvas, barrentas,
Absorvem a claridade solar e se tornam límpidas.
Parece irreal mas o milagre acontece:
Da argila benfazeja que as águas turvava,
Da escura coloração das águas desse leviatã,
Eis que a pureza primordial se manifesta,
Expulsando para longe a barrenta lama,
Clareando o gigante e imprimindo-lhe a vida,
Vida intensa que faz viver
E que vivifica tudo por onde passa esse semeador.

Vai, divino Ribeira, vai em busca do mar.
Corre, vai em frenética torrente ao encalço do Atlântico.
Vai, leva consigo a vida e dá vida ao mar.

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