CASA VELHA

Casa velha, caindo aos pedaços,
Retrato vivo de tempos que se foram,
Guardas em tuas pedras secretos segredos,
Confidências íntimas de vidas passadas.

Memória indigente de épocas distantes,
Perdeste até mesmo o fascínio de outrora
Quando os frisos de tuas fachadas
Fascinavam aos que pela rua passavam.

És uma sombra pálida do passado,
Vestígio agonizante dos tempos de glória,
Quando, habitadas por nobres fidalgos,
Eras atestado de sua grandeza.

Hoje és apenas ruínas à mostra.
Tuas colunas, antes eretas, desabaram.
Teus sólidos pilares caíram por terra.
A indiferença do tempo te derrotou.

O tempo insensível foi teu algoz,
Carrasco cruel que te podou a abastança,
Vil verdugo que te jogou por terra o brilho
E te fez atolar na poeira do esquecimento.

Já não és mais bonita, casa velha.
Perdeste o frescor dos velhos tempos.
Não tens nem mais um vestígio
Do fausto há muito adormecido.

Teus mármores de Carrara pretejaram,
O mato quebrou as pedras das tuas calçadas,
O lampião que iluminava sua fachada se apagou.
Pois é, casa velha: você também se apagou.

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